O aumento de vagas à noite nas universidades está diretamente ligado à diminuição da exclusão social. Esse é o tema da pesquisa "Cursos Noturnos - Uma Alternativa para a Inclusão Social no Ensino Superior Público Brasileiro - Estudo de Caso da UFMG", apresentada pelo Professor Mauro Mendes Braga, do Departamento de Química da universidade mineira, durante a 55 Reunião Anual da SBPC. No trabalho, o pesquisador mostra que a maioria dos alunos aprovados no vestibular 2003 para os cursos noturnos da instituição fez o ensino médio em escolas públicas e pertence a famílias de menor poder aquisitivo.
A universidade Federal de Minas Gerais ofereceu 4.422 vagas em 57 cursos no vestibular de 2003, que teve 77.997 candidatos. Do total de vagas, apenas 16% são noturnas. Entre os alunos dos cursos noturnos, 62,8% vieram de instituições públicas e 36,6%, de escolas pagas. A relação é inversa quando se considera os cursos diurnos, nos quais 67,1% dos estudantes vêm de escolas privadas e 32,8%, das públicas.
O pesquisador explica a diferença entre os perfis dos alunos aprovados para os cursos diurnos e noturnos. "Quando se abre vagas à noite, a maioria dos candidatos tende a escolher os cursos diurnos", observa. Isso não acontece entre aqueles oriundos das classes mais pobres, que prercisam estudar à noite. "Um grande número de alunos que vem de escolas públicas precisa trabalhar. Assim, eles não podem escolher entre trabalhar ou estudar, eles têm de escolher trabalhar e estudar", explica. "Não basta transferir vagas diurnas para noturnas, mas sim criar novas vagas no turno da noite", afirma Mauro Mendes Marcondes.
Para montar a pesquisa, realizada em conjunto com outros professores da UFMG, Mauro Mendes Braga montou uma escala de fator sócio-econômico (FSE), que considera itens como a renda familiar do estudante, o grau de instrução dos pais e o tipo de instituição em que o aluno cursou o ensino médio (públicas ou privadas), entre outros.
De acordo com os resultados do trabalho, o pesquisador afirma que quanto maior o percentual de estudantes com fator sócio-econômico elevado por curso menor o percentual de alunos oriundos de escolas públicas. Aplicando a escala de FSE, que vai de 1 a 10 pontos, sobre os candidatos aprovados no vestibular 2003 da UFMG, o Professor Mauro Mendes Braga mostra essa separação.
Entre os estudantes aprovados na universidade com FSE até 2 pontos, 39% vieram de escolas públicas e 2%, de instituições privadas. "Quando se observa o topo da pirâmide, alunos com FSE superior a 7 pontos, a situação é inversa: 4% vieram de escolas públicas e 53%, de instituições privadas", explica o pesquisador.
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