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Publicado em: 23/11/2006
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Pesquisa mostra produção intelectual nos hospitais universitários

Vilma Homero
Jacqueline expôs o trabalho no Congresso Internacional de Bibliometria de Estocolmo
O Brasil ocupa a 9 posição na economia mundial, mas está em 54 lugar quando o assunto são "gastos em saúde" e desce para o 108 no quesito "igualdade", segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Refletindo tais contradições, a atividade de pesquisa em saúde no país é ainda incipiente. Para melhor entender como se dá a produção científica no Estado do Rio de Janeiro nessa área, a pesquisadora Jacqueline Leta, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolve um estudo em que procura traçar a contribuição dos hospitais universitários, um elemento importante do sistema de saúde, na pesquisa do estado do RJ, e num segundo momento, no restante do país.


Com apoio do programa Primeiro Projetos, da FAPERJ, A pesquisa na área da saúde. Um estudo sobre a produção intelectual dos principais hospitais universitários do Estado do Rio de Janeiro traça um panorama numérico e qualitativo da produção científica fluminense. Seu ponto de partida foi o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), para, num próximo estágio, analisar também os hospitais universitários Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e o Antonio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (UFF). O trabalho, inclusive, já deu frutos: a publicação de "Balance between education and research-oriented publications from a Brazilian University Hospital", de Araújo, K. M; Mourão, P e Leta, J., no Brazilian Journal of Medical and Biological Research, Brasil, em 2005.

No HUCFF, hospital da maior universidade pública do sistema federal do país, a pesquisadora constatou a existência de dois grupos distintos: um menor, envolvido em pesquisa moderna e com visibilidade internacional. E um segundo, majoritário, com produção voltada para publicações de âmbito local ou nacional. "No primeiro grupo, os quatro setores mais expressivos são os de doenças infecciosas, de pneumologia, de neurologia e de hematologia", diz a pesquisadora. Já o segundo grupo escreve trabalhos visando principalmente a atividade de ensino, de educação e formação profissional. "A maior parte das publicações se destinam a um público local e tem formato de revisões, cartas, livros e capítulos, visando auxiliar na formação de profissionais na área da saúde", diz.

Tabela 1: Visibilidade de publicações científicas do

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, no período 1990 - 2002.

Visibi lidade

N

Formato

N

Internacional

382

Pesquisa

509

Alguma Visibilidade Internacional

216

Livros e Capítulos

261

Nacionais

822

Relatórios

193

   

Revisões

164

   

Opiniões

1

   

Outros

81

   

Não Classificados

211

Total

1,420

Total

1,420

Para chegar a estes resultados, Jacqueline e sua aluna Kizi Mendonça analisaram cada uma das 1.420 publicações do HUCFF, no período de 1990 a 2002. Tendo como referência dois grandes bancos de dados que concentram publicações científicas: o do Institute for Scientific Information (Isi), de abrangência mundial, e o Scienfic Eletronic Library Online (Scielo), que apesar do nome, é um projeto desenvolvido em parceria pela Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde e pelo CNPq, de acesso a periódicos brasileiros e latino-americanos. Com esses dados foi possível classificar as publicações em alguns aspectos, como "visibilidade" e o formato, expressos na tabela acima.

Se as atividades de pesquisa médica básica e aplicada ainda são pouco numerosas, isso se deve a vários motivos, segundo Leta. Como são caras, as pesquisas demandam logísticas mais complexas e fontes de recursos. "Na Europa e Estados Unidos, as grandes empresas farmacêuticas costumam estar por trás desses financiamentos, mas no Brasil isso não acontece com a mesma intensidade e o assunto é polêmico pelas questões éticas dos interesses envolvidos", explica.

"Mais importante é o fato de que a tradição de pesquisa nos hospitais universitários no país ainda é relativamente recente, especialmente se comparada a países europeus e Estados Unidos. Leta compara a fundação da Universidade de São Paulo, que surgiu nos anos 1930 de uma demanda da sociedade, e que para formar seu corpo clínico e docente importou profissionais de renome internacional. "Com eles, veio a tradição de pesquisa, que nasceu praticamente junto com a faculdade e tem sido indissociável do ensino e da assistência médica. A USP mantém esse tripé até hoje: pesquisas de ponta, ensino forte e forte assistência médica", diz.

Ela prossegue: "Essa carência de pesquisas tem que ser pensada dentro de um contexto histórico." Exemplo disso é a própria fundação do hospital universitário Clementino Fraga, na década de 1970, em pleno regime militar. Ele tem o perfil que a pesquisadora acredita predominar no restante do país: ensino forte, forte assistência médica, mas pesquisa incipiente.

"Embora seja o maior hospital universitário no sistema federal e também o de criação mais recente, a questão de manter atividades de pesquisa não passa apenas pelo aspecto financeiro. O hospital nasceu da necessidade de se criar um lugar de ensino, o que era a demanda daquela época." O importante, naqueles anos, era apostar na qualidade do ensino de saúde, o que fica bem claro numa frase atribuída ao próprio Clementino Fraga: "Quem quiser pesquisar que vá para o prédio em frente" - no caso, o do Centro de Ciências da Saúde.

"Isso seguramente não foi o que aconteceu em São Paulo e talvez também não tenha sido o que ocorreu nos hospitais universitários da Universidade Federal de Minas e da Universidade Federal da Bahia" acredita, para logo em seguida acrescentar que, por enquanto isso é pura especulação.

Certeza mesmo, ela só terá quando, depois de concluir a pesquisa no Rio, ampliar para o restante do país. Para isso, através da Associação Brasileira de Hospitais Universitários, ela já enviou cartas a quase cem instituições nacionais, buscando obter informações sobre a produção do corpo médico e acadêmico de cada uma delas. Em outras palavras, terminando a parte fluminense da pesquisa, será também o começo de um novo trabalho.

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