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Publicado em: 30/11/2006
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Ópera celebra a trajetória de Oswaldo Cruz no Theatro Municipal

O Maestro Silvio Barbato no ensaio com Sebastião Teixeira e Cláudia Riccitelli, que interpretam Oswaldo Cruz e sua esposaUm encontro da arte e da ciência irá celebrar a vida e a obra de Oswaldo Cruz - não com mais um monumento ou solenidade - mas com a estréia da ópera O cientista, dia 8 de dezembro, no Theatro Municipal. A composição, encomendada ao maestro Silvio Barbato, regente-titular da Orquestra do Municipal, tem libreto do poeta e letrista Bernardo Vilhena e contará com a participação de mais de 200 artistas do mais importante palco da cidade. Além da orquestra e coro, solistas e atores, o espetáculo promete surpreender o público. Traz novidades como a participação de capoeiristas e a sonoridade pop do sax de Leo Gandelman. O projeto de montar o espetáculo surgiu por iniciativa da FAPERJ em colaboração com a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). “Com o espírito da divulgação da ciência, nosso objetivo é prestar uma homenagem a um dos ícones da pesquisa no país”, disse o diretor-presidente da Fundação, Pedricto Rocha Filho.

Com uma concepção inovadora, o espetáculo coloca o Rio de século XIX em cena com recursos de computação e alta tecnologia, em cenografia assinada por Marcelo Dantas. A “pera de Paris já demonstrou interesse nesta montagem, orçada em R$ 600 mil, e que contou também com o apoio da Fiocruz. “Os contatos para apresentações na França, feitos através do Instituto Pasteur, estão adiantados. O Teatro São Carlos de Lisboa também está interessado em ter essa ópera em português", adiantou o regente Silvio Barbato.
 
O cenário do espetáculo contará com projeções computadorizadas. "A concepção cênica é muito contemporânea, atual. Marcelo Dantas, papa do high tech no país, resgata a tradição carioca dos cenários totalmente virtuais; veremos no palco, por exemplo, os Arcos da Lapa. Esse trabalho de certa forma retoma uma tradição do século XIX quando também se criavam cenas virtuais. Eram telões pintados e destacados por efeitos de luz de grande mestres da pintura. O Marcelo usa perspectiva e efeitos com a tecnologia", compara o regente Silvio Barbato.

Espelho móvel será utilizado nos cenários de Marcelo Dantas
Para alcançar os efeitos desejados, são utilizados elevadores cênicos e nove retroprojetores localizados atrás do palco, criando imagens em uma enorme tela. "Temos um espelho móvel de 120 metros quadrados, que é quase um personagem. Nele, fazemos projeções criando ilusões como a de um mar. A cena que remete às discussões, pelo Senado, sobre a lei que tornou obrigatória a vacinação contra varíola, tem luz negra e só mostra o rosto e mãos dos senadores. A concepção cênica inovadora colabora para mostrar que um tipo de gênio como Oswaldo Cruz é atemporal", analisa Eduardo Álvares, diretor do espetáculo e diretor artístico do Municipal.



Um ícone da ciência brasileira

Passados quase 90 anos de sua morte, repetidas pesquisas têm revelado que a população continua a apontar o nome do sanitarista, que viveu entre 1872 e 1917, como símbolo do cientista brasileiro. Interpretado pelo barítono Sebastião Teixeira, esse verdadeiro precursor da medicina social no país é celebrado por ter livrado o Rio de Janeiro - assolado então pela febre amarela, varíola e peste bubônica - de ser reconhecido como "porto maldito".

A ópera, em dois atos divididos em três cenas, volta aos primeiros anos do século XX para destacar a parceria entre Oswaldo Cruz e o prefeito Pereira Passos. A dupla protagonizou fatos históricos como a remodelação e urbanização do centro do Rio, conhecida como "Bota Abaixo", e a Revolta da Vacina, quando a população resistiu à vacinação obrigatória com manifestações violentas, em 1904.

Policiais e capoeiristas brigam durante a 'Revolta da Vacina', um dos episódios contados na ópera sobre Oswaldo Cruz"Procuramos mostrar como Oswaldo Cruz saneou o Rio de Janeiro. Como sua associação com Pereira Passos contribuiu para mudar o panorama da cidade, conhecida então como o ‘túmulo dos estrangeiros’. Diante dos desafios urbanos e políticos que enfrentamos hoje, precisamos de outro Oswaldo Cruz 100 anos depois", disse o maestro Silvio Barbato depois de ensaiar com a orquestra o trecho da composição que mostra o momento de maior impacto do espetáculo, o da revolta da vacina: "Essa é a música da parte que retrata o apedrejamento da casa do cientista pelos revoltosos, quando ele refugiou-se na residência de Carlos Chagas", disse o regente.

"Trabalhamos com a grande tradição operística do século XIX. Mas o resultado é a visão de um criador brasileiro de hoje. Busquei a música que escuto na rua. Não tenho interesse na vanguarda. Essa ópera é a exteriorização da minha linguagem musical, tendo como modelos Cláudio Santoro, meu grande mestre, Villa Lobos, Carlos Gomes e Tom Jobim", explica Silvio Barbato. Além da inclusão de ritmos como valsas e corta-jacas, outra curiosidade musical é a participação de Kiko Horta ao acordeão, interpretando uma canção francesa, na cena que recria a Lapa.

"O Silvio é um melodista extraordinário, herdeiro das tradições dos grandes melodistas brasileiros", ressalta o poeta e letrista Bernardo Vilhena, que estréia nesse espetáculo como autor de libreto. Além de pesquisar jornais de época, textos do Senado e contar com a consultoria da Fundação Oswaldo Cruz, Vilhena usou ainda a troca de correspondência entre o sanitarista e a mulher como fonte. A vida do cientista é contada a partir dos últimos instantes da vida de Oswaldo Cruz, como se fosse um filme em que o cientista relembra sua trajetória, em um cenário emoldurado por dezenas de tubos que procuram recriar o ambiente de seu laboratório em Manguinhos: "Traz desde as lembranças do pai, a decisão de estudar em Paris, a paixão pela mulher, interpretada pela soprano Cláudia Riccitelli, e a vida mundana. A mezzo soprano Luciana Bueno encarna ‘as outras’ ", diz o poeta.

O maestro Silvio Barbato assinou a composição da ópera 'O Cientista'"Nossa abordagem é a figura humana riquíssima de Oswaldo Cruz, com sua ligação profunda com a mulher, mas ao mesmo tempo com vários outros amores. Ele vai aparecer como homem de família, como homem mundano e como cientista que se imola por causa do ideal de sua vida", analisa o diretor Eduardo Alvarez. O primeiro ato termina com a grande missão de sanear o Rio. Mostra o povo em procissões clamando por soluções, pois a situação remetia ao caos com a impossibilidade de recolher tantos cadáveres vitimados pelas epidemias.

O segundo ato coloca em cena personagens como o presidente Rodrigues Alves, interpretado por Lício Bruno, e os embates de seu governo (1902-1906), que apoiou a invasão de domicílios pela brigada sanitária de Oswaldo Cruz, como ainda aborda as pressões relativas à reforma carioca, capitaneada por Pereira Passos, e a Revolta da Vacina. "Rui Barbosa chegou a discursar, em várias ocasiões, contra a política de Pereira Passos e Rodrigues Alves. Oswaldo Cruz dizia que ‘o Brasil precisa de um governo sem amigos’. Diante de todas as dificuldades e pressões que o sanitarista precisou enfrentar, deixamos claro que a voz da razão e da ciência foi ouvida", conclui Bernardo Vilhena. O espetáculo, que tem estréia marcada para o dia 8 de dezembro, fica em cartaz até o dia 17 de dezembro.

O Cientista:
De 8 a 17 de dezembro no Teatro Municipal
Libreto Bernardo Vilhena
Música Silvio Barbato
Direção Eduardo Álvares
Cenário Marcelo Dantas
Figurino Marcelo Olinto

Solistas:
Sebastião Teixeira (Oswaldo Cruz)
Claudia Riccitelli ( Emília)
Luciana Bueno (mulher)
Lício Bruno (Rodrigues Alves)
Marcos Lizemberg (Sales Guerra)

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