Vinicius Zepeda
Maria Cristina Gaglianone |
Orquídeas na região Norte Fluminense: Abelha Eufriesea surinamensis |
O trabalho coordenado por Maria Cristina Gaglianone contou com a colaboração do pesquisador João Marcelo Braga, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e de estudantes da Uenf. Foi realizado através de amostragens padronizadas voltadas para abelhas visitantes florais de todas as plantas em florescimento na região ao longo do ano de 2003 e de amostragens em plantas específicas nos anos de 2004 a 2006. "Além da Apis mellifera, introduzida no Brasil e em todo o mundo, e mais comumente conhecida como a abelha que produz mel, nossa pesquisa indicou a existência de 36 espécies de abelhas nativas, pertencentes a 21 gêneros diferentes, na restinga de Grussaí-Iquipari", explica. Segundo a pesquisadora, "esta constatação indica uma alta riqueza e diversidade quando comparada a outras áreas de restinga estudadas no Brasil".
Cristina explica que em algumas regiões fluminenses, como da Ilha Grande, existem programas voltados para a criação de abelhas nativas sociais, espécies da tribo Meliponini também conhecidas como abelhas sem ferrão, para produção de mel, como é o caso da jataí (Tetragonisca angustula). "Essas abelhas são consideradas importantes indicadores de boa qualidade ambiental, devido às suas necessidades específicas e sensibilidade à degradação do meio. Mas elas estiveram ausentes em todas as amostragens realizadas na restinga de Grussaí-Iquipari", preocupa-se.
Paulo A.Ferreira/M.Cristina Gaglianone |
Enquanto a abelha Xylocopa ordinaria (à direita) poliniza flores de |
Dentre as espécies estudadas pela equipe de Cristina, as mais comumente encontradas foram Xylocopa ordinaria, popularmente conhecida como mamangava, principal inseto polinizador do maracujá-amarelo comercial; Centris caxiensis e Epicharis nigrita, ambas pertencentes à tribo Centridini. Além destas, outras seis espécies de Centridini são as principais polinizadoras de plantas produtoras de óleos florais, como a Byrsonima sericea, considerada como uma espécie de alto valor de cobertura vegetal na mata de restinga. "Em áreas agrícolas, estas abelhas são as responsáveis pela polinização da acerola, por exemplo, que atrai estes polinizadores por apresentar recursos de que as abelhas necessitam. Como a maioria destas espécies faz ninhos no solo, a destruição ou a contaminação do local pode afetar enormemente sua sobrevivência", adverte Maria Cristina.
Abelhas e plantas melitófilas em áreas de restinga no Norte Fluminense estudou ainda abelhas da tribo Euglossini, já que elas são um grupo chave em diversos ecossistemas, tanto por sua importância na polinização de espécies vegetais quanto como indicadores de qualidade ambiental. "Os machos têm necessidades específicas de odores florais, que servem como recursos para comportamentos de cópula; assim, com o objetivo de buscar estes recursos eles acabam carregando o pólen entre as flores", explica a pesquisadora. "Esta relação de polinização foi descrita inicialmente entre as abelhas Euglossini e orquídeas.
Por isso estes insetos são popularmente chamados de abelhas-de-orquídeas e facilmente identificados pelo brilho metálico presente em grande parte das espécies", diz. Da tribo Euglossini, a bióloga lembra que a pesquisa registrou as espécies Eulaema nigrita e Euglossa cordata, comuns em áreas abertas e urbanas, além de Eufriesea surinamensis e Eufriesea smaragdina, encontradas em menor número.
André S.Bernardino/Paulo A.Ferreira |
A Epicharis nigrita (à esq.) retira óleo floral de Byrsonima sericea; à direita, a Euglossa cordata se aproxima de uma Mandevilla funiformis |
- Projeto incentiva criação artesanal de abelhas sem ferrão na Ilha Grande
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