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Publicado em: 04/05/2007
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Engenheiro cria robô para limpeza de dutos de ar-condicionado

Paul Jürgens

 Paul Jürgens  

 
Etchbehere faz demonstração com o robô Lixa
O aquecimento global se transformou no tema da vez nas rodas de discussões sobre os problemas ambientais que podem afetar a ‘saúde’ do planeta e de seus habitantes ao longo das próximas décadas. Mas dentro dos escritórios, auditórios, plenários, teatros e outros espaços artificialmente refrigerados onde o assunto é debatido, uma outra ameaça tem sido negligenciada por autoridades, lideranças empresariais e especialistas em saúde pública: o ar que respiramos. É o que afirma o engenheiro e empreendedor Alexandre Etchebehere, da Robô-In. “A disseminação do ar-condicionado central nas últimas décadas não foi acompanhada pelo desenvolvimento de tecnologias capazes de garantir o controle da qualidade do ar que respiramos dentro desses ambientes”, alerta.

 
 
 
Segundo Etchebehere, análises bacteriológicas realizadas por agências particulares e públicas, dentro e fora do país, têm evidenciado a presença de microorganismos nocivos à saúde dentro de um grande número de edificações climatizadas. Entre estas, os hospitais ocupam o topo das preocupações das autoridades governamentais, que desde o final dos anos 90 buscam uma regulamentação adequada para o setor. De acordo com esses relatórios, uma das principais causas para essa contaminação são os dutos por meio dos quais o ar é conduzido aos diferentes espaços dos edifícios.

“A limpeza dos dutos continua sendo um desafio para os que lidam com o assunto”, diz o engenheiro. “Quase sempre estreitos e de difícil acesso, eles raramente passam por um processo de limpeza adequada”, explica. Em busca de uma solução para o problema, Etchebehere, em associação com a empresa Frioterm Engenharia Ltda., criou um robô multiferramenta capaz não só de percorrer e limpar os dutos dos sistemas de ar-refrigerado, mas também de higienizá-los. O desenvolvimento do robô, que tem apoio da FAPERJ através do edital Rio Inovação, deve entrar em produção até o final de 2007.

Equipado com uma escova e um sistema de aspiração semelhante ao dos aspiradores de pó domésticos, o mecanismo é capaz de limpar as tubulações sem espalhar os resíduos pelo resto do duto. “A sujeira fica acumulada principalmente na base dessas instalações. A maioria dos sistemas disponíveis no mercado coloca um aspirador na extremidade do duto a ser limpo e, em seguida, usa um robô equipado com uma escova acoplada a uma hélice para ‘espanar’ o duto a partir da outra extremidade. Dessa forma, espalha desnecessariamente os resíduos, levando a sujeira para toda a tubulação, incluindo as laterais e a parte superior”, diz.

O Robô-In possui igualmente uma garra para pegar objetos como plásticos, madeiras, pedras vidros etc. Dotado de uma pá, ele ainda é capaz de recolher resíduos como areia, pedras de pequeno porte e lixo. Controlado por um joystick, o mecanismo recebeu uma fonte de luz e uma câmera que transmite imagens de alta definição do ambiente – seja o interior de tanques, tubulações industriais, galerias ou forros – para um monitor do lado de fora. “Ele é capaz de colocar e retirar objetos a uma distância de 30 metros em seções de 200 x 200mm e foi equipado com um sistema de tração por esteira, lisa, de silicone, o que garante sua movimentação mesmo em ambientes com grande acúmulo de poeira ou outros sedimentos. Além disso, é capaz de vencer com facilidade obstáculos como as saliências deixadas pelas chavetas entre as seções de dutos”, destaca Etchebehere.

Divulgação
 
Crianças do ensino fundamental observam
 o robô em evento de tecnologia em 2006
 
Associado a empresa Frioterm Engenharia Ltda., Etchebehere finaliza os últimos detalhes de sua invenção para que o equipamento possa ser produzido em série. “Acredito que há um mercado potencial para venda de cerca de 300 unidades/ano de equipamentos de limpeza do gênero. No primeiro ano, nosso objetivo é garantir a comercialização de 30 unidades. Com o aumento gradativo da produção, teríamos condições de alcançar pouco mais de uma centena de robôs negociados ao longo do quarto ano de vendas”.
 
O preço das primeiras unidades deve ficar entre  6 e 15 mil dólares cada, segundo as estimativas do projeto e dependendo da configuração do equipamento. O preço de modelos importados com características semelhantes gira hoje em torno de 28 mil dólares. De acordo com dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento - ABRAVA, há no país cerca de 120 empresas associadas e especializadas na instalação e manutenção de ar-condicionado, e cerca de 50 delas são ou pretendem ser prestadoras de serviços de limpeza e higienização. “Com base em levantamentos feitos no mercado internacional, estamos convencidos de que há espaço lá fora para a exportação do equipamento”, diz. Desenvolvido dentro do conceito de plataforma tecnológica, Etchebehere espera estender a aplicabilidade do robô às necessidades de inspeções submarinas, como nas plataformas de petróleo.

Protótipo do robô foi desenvolvido em oficina doméstica

Em 2004, ao lado de um grupo de colegas de escritório, Etchbehere foi designado para acompanhar o processo de modernização do sistema de ar-condicionado do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), onde trabalha há 28 anos. Na ocasião, ele ficou surpreso com as dificuldades enfrentadas para controlar a qualidade do ar na empresa. “A partir daí, tomei o desafio por conta própria e passei boa parte das minhas horas de folga trabalhando em minha modesta oficina em casa”, conta.
 
Quando o protótipo do robô começou a dar seus primeiros ‘passos’, em março de 2004, ele procurou a Frioterm e propôs uma parceria. A empresa apostou na idéia e em poucos meses entidades como a FAPERJ e a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) já apoiavam a idéia. O passo seguinte foi o aluguel de um galpão em Duque de Caxias para onde foi transferida em junho de 2006 a oficina caseira desse ‘professor Pardal’. Com o auxílio da Frioterm, Etchebehere pôde aprofundar a pesquisa sobre os problemas ligados à contaminação de ambientes climatizados.

     Divulgação/Paul Jürgens
     
    O engenheiro em sua oficina doméstica (à esq.), onde
  desenvolveu o protótipo; e na sede da empresa que criou
Segundo o engenheiro, estudos realizados nos Estados Unidos indicam que aquele país registra perdas de 10 bilhões de dólares/ano devido à baixa produtividade associada a problemas respiratórios decorrentes da contaminação dos ambientes por agentes como fungos, bactérias, algas e amebas. No Brasil, esse montante equivaleria a cerca de 100 milhões de dólares. A síndrome do edifício doente, como vem sendo chamada pelos especialistas e que as pesquisas indicam atingir cerca de 30% das novas edificações, é apontada como responsável pelo surgimento de alergias, rinites e intoxicações, em alguns casos, com conseqüências graves e irreversíveis. “Os únicos ambientes que têm merecido uma atenção especial são os hospitais e as indústrias voltadas para a produção de fármacos e alimentos, em razão dos eventuais impactos junto à sociedade e à economia", alerta Etchebehere.
 
O Robô-In já foi exibido em feiras e eventos de tecnologia realizados no Rio de Janeiro, como a Mostra de Meio Ambiente e Responsabilidade Social Empresarial da Baixada Fluminense, em agosto de 2006, e na Rio Oil & Gás Conference, no mês seguinte. Um outro robô está prestes a sair do forno no galpão em que o engenheiro conta com a ajuda de dois assistentes. Trata-se do Tixa – nome inspirado na lagartixa e suas habilidades desta em se locomover por estruturas verticais. A idéia de seu desenvolvimento surgiu a partir da demanda por um equipamento capaz de fazer inspeções em tubulações do forno de hidrogênio da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), da Petrobrás.

O engenheiro adianta que outras idéias para a criação de novos robôs já estão sendo testadas nas mesas de seu laboratório. Mas, por ora, prefere não revelar os novos caminhos por que trilham suas pesquisas. Afinal, recomenda-se proteger da curiosidade alheia invenções ainda em fase de testes. A atitude de Etchebehere nada tem de reprovável. O país e sua comunidade científica parecem ter aprendido a lição com os prejuízos – ou, inversamente, a falta de ganhos – causados por criações não-patenteadas que foram levadas para o exterior com grande sucesso e que nenhum benefício trouxe para seus criadores ou para o país.

 

Mais informações: http://www.roboin.com.br e http://www.friotermrj.com.br/

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