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Publicado em: 14/05/2009
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Pesquisador brasileiro é o mais novo membro da Academia de Medicina da França

Arquivo pessoal

          
    Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro chefia centro 
   que é referência para o diagnóstico de malária
  

A Academia Nacional de Medicina da França conta com mais um membro brasileiro. Desde março de 2009, o imunologista Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro é seu mais novo integrante, correspondente estrangeiro da Terceira Divisão, Seção de Ciências Biológicas. Coordenador do Laboratório de Pesquisas em Malária, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), Daniel-Ribeiro se juntará a brasileiros ilustres, como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e Carlos Chagas Filho, Jorge Alberto Costa e Silva, Augusto Paulino Neto e Eliete Bouskela, a primeira – e até agora única – médica da América Latina naquela academia, eleita no final de 2008.

"A academia é um fórum superior de reflexão", fala Daniel-Ribeiro, contente com o resultado da eleição. Ele acredita que, tanto quanto suas pesquisas em malária, também influíram para a indicação o trabalho de cooperação que mantém há quase 30 anos com a França, desde a época em que morou no país, cursando mestrado e doutorado na Universidade de Paris VI e depois como professor associado da mesma universidade. Ao voltar para o Brasil, ele trouxe também a ideia de adaptar para a realidade brasileira os Seminários Laveran, que viu nascer e perecer na França, criando os Seminários Laveran & Deane, em que estudantes apresentam, discutem e veem analisados seus projetos de tese de pós-graduação. Nos 14 anos de existência, já passaram pelo crivo dos seminários brasileiros mais de 200 trabalhos sobre malária. "Os franceses elogiam a
qualidade da nossa iniciativa."

Pesquisador nível 1 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e titular da Academia Fluminense de Medicina, Daniel-Ribeiro é também vice-presidente da International Federation of Tropical Medicine, presidente da Sociedade Brasileira de Malariologia, professor dos cursos de Pós-Graduação em Medicina Tropical, Biologia Parasitária e Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz, e coordenador do Programa de Pós-Graduação Interinstitucional que congrega o Instituto Oswaldo Cruz, as universidades Federal e Estadual do Pará e o Instituto Evandro Chagas. Autor de mais de cem publicações científicas em revistas indexadas, com participação frequente em congressos nacionais e internacionais, Daniel-Ribeiro acredita em transmissão de conhecimento.

"A pesquisa deve necessariamente estar atrelada ao ensino. É preciso ensinar para ser um pesquisador. Faz parte do processo criativo, é como você elabora idéias, tem insights sobre o tema em que está pesquisando. Essa deve ser a visão do verdadeiro cientista", diz. No laboratório que coordena, sede do Centro de Pesquisas, Diagnóstico e Treinamento em Malária (CPD-Mal), designado pelo Ministério da Saúde como referência para diagnóstico da doença fora da região Amazônica, ele recebe estudantes do programa "Provoc" da Fiocruz. É um bom exemplo da combinação de ensino e pesquisa. Na convivência dos laboratórios, procura-se despertar vocações científicas nos alunos de Ensino Médio de escolas conveniadas que fazem parte do projeto. "Uma vez por semana, eles vêm até aqui e acompanham algum dos trabalhos que desenvolvemos. A estreita relação entre pesquisa e ensino também é motivo para que, dos cerca de 30 pessoas que trabalham no CPD-Mal, entre estudantes e funcionários, seis sejam pesquisadores com PhD.

No CPD-Mal, desenvolvem-se várias linhas de pesquisa e presta-se assessoria a laboratórios da região extra-Amazônica brasileira envolvidos no diagnóstico de malária. "Embora mais de 99% dos casos da doença estejam na região Amazônica, fora dela, mesmo em centros no Rio de Janeiro e São Paulo, a doença é cem vezes mais letal. Isso porque, ao contrário do que acontece na região Norte do país, onde a malária é endêmica, aqui, como ela não aparece com frequência, seu diagnóstico não é evocado com a mesma facilidade, o que acaba permitindo que o caso evolua para uma forma mais grave", explica.

No País, os números da doença estão em queda nos últimos três anos. Os 550 mil casos em 2006 caíram para 456 mil, em 2007, e em 2008 somaram 313 mil. "O Programa Nacional de Controle, do Ministério da Saúde tem sido bem-sucedido na tarefa de reduzir o número de casos nos últimos anos, fazendo um esforço constante para que se consiga manter esses índices em curva descendente", fala o pesquisador.

Na busca de uma vacina para combater a doença, tanto se estudam os aspectos que concernem ao parasito e suas variações do ponto de vista molecular, quanto os polimorfismos genéticos que ocorrem no homem como hospedeiro. "Uma de nossas equipes, liderada por Dalma Banic, estuda possibilidades genéticas e moleculares, responsáveis pela resposta imune humana visando descobrir se elas são importantes para interferir na resposta imune a uma potencial vacina", diz Daniel-Ribeiro.

Outra linha de pesquisa em que seu grupo está envolvido, justamente em função do perfil de Laboratório de Referência para o MS, compara a eficácia dos métodos diagnósticos mais sensíveis e fáceis de usar para o desenvolvimento de testes de detecção da malária. M. Fátima Ferreira da Cruz, sua Vice-Chefe e colaboradora, lidera as pesquisas nessa área.

O desenvolvimento e teste de potenciais vacinas, usando como modelos experimentais primatas não humanos tem sido ainda o alvo que une esforços dos pesquisadores do CPD-Mal e do Instituto Pasteur, instituições que mantêm intercâmbio há mais de 20 anos. Essa colaboração em pesquisas também permitiu que os laboratórios do CPD-Mal recebessem, depois do fechamento da unidade daquele instituto na Guiana Francesa, 250 macacos ali mantidos, para experimentos. Com a aquisição, os biotérios da Fiocruz detêm agora uma das maiores populações de símios para pesquisas no mundo.

Atualmente, o pesquisador está empenhado na organização da 1 Jornada Fluminense sobre Cognição Imune e Neural, prevista para agosto, em uma parceria entre o IOC e a Academia Fluminense de Medicina. A jornada reúne especialistas que dificilmente sentariam em um mesmo evento, para discutir temas que podem ser vistos como complementares. "Na verdade, imunologistas e neurocientistas usam paradigmas diferentes para estudar uma mesma questão: a cognição", explica Daniel-Ribeiro.

Na programação, estão nomes como os dos neurocientistas Roberto Lent (UFRJ), Diogo Rizzato Lara (Puc-RS), João Palermo Netto (USP) e Luiz Carlos de Lima Silveira (UFPA), além dos imunologistas Nelson Monteiro Vaz (UFMG), Marcelo Barcinski (USP) e Wilson Savino e o próprio Daniel-Ribeiro (Fiocruz).

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