Vilma Homero
Divulgação CNEN |
No interior do aparelho, amostra passa por uma etapa intermediária do processo |
A princípio, serão analisadas apenas as amostras do Museu Nacional/ UFRJ, parceiro do CNEN na aquisição do equipamento, que para isso contou com apoio da FAPERJ. "Com ele, podemos datar amostras na faixa entre os mil e os 40 mil anos", fala o químico José Marcus Godoy, pesquisador do IRD/CNEN, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e coordenador do projeto. Antes da aquisição, Godoy esteve visitando o Centro de Estudos Isotópicos Aplicados, na Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, para ver seu funcionamento. É lá que está o único fabricante desse tipo de equipamento, a empresa Technical Applied Isotope Studies (Task), que funciona incubada à universidade.
"Na verdade, datar amostras com carbono 14 exige uma estrutura complexa. É preciso contar também com um contador de cintilação em meio líquido, equipamento que já tínhamos", explica o pesquisador. "Como o próprio nome do processo diz, só podemos datar material que contenha carbono. Pedaços de carvão, por exemplo, que tanto podem ter origem nos restos de antigas fogueiras e com frequência aparecem em escavações arqueológicas, quanto resultar de incêndios espontâneos em florestas e nos indicar a evolução da cobertura vegetal de uma certa região", fala Godoy. Espeleotemas, como as estalactites e estalagmites encontradas em cavernas, também são materiais passíveis de análise pela técnica, assim como os sedimentos marinhos, um dos indicadores da variação do nível do mar, ricos em carbonato. E ainda ossos, antigos o bastante para se situar na faixa de até 40 mil anos, já que todos os seres vivos possuem no corpo pequena concentração de carbono 14.
O processo é feito em três etapas. O passo inicial é extrair da amostra os átomos de carbono presentes. Num segundo momento, ao passar pelo equipamento, os átomos de carbono da amostra são transformados em moléculas de benzeno. "O benzeno é um solvente típico para uso nesta técnica de medição, a chamada cintilação em meio líquido", conta Godoy. O que acontece em seguida, segundo o pesquisador, é que o benzeno, que contém maior densidade de carbono, é misturado a diferentes substâncias químicas fluorescentes que possuem propriedade de cintilação. A radiação do carbono 14, existente nas moléculas de benzeno, dá origem a uma excitação das substâncias cintiladoras que, ao retornarem ao seu estado original, emitem fótons. "A quantidade de fótons emitida é proporcional à quantidade de carbono 14 presente. Essa quantidade é que indica a idade. Quanto menos carbono 14 contiver, mais antiga a amostra será", explica.
Divulgação CNEN |
Até o final do ano, o equipamento, já em funcionamento, estará em fase de validação |
Já em funcionamento, o equipamento está em fase de validação, o que deve se estender provavelmente até o final do ano. É quando o pesquisador pretende já ter cumprido o protocolo para inclusão do Instituto de Radioproteção e Dosimetria na rede mundial de laboratórios que fazem datação com carbono 14. "Por enquanto, só estamos trabalhando internamente. Apenas depois da publicação de nossos resultados em revista científica internacional é que poderemos prestar serviços a outras instituições", diz. A primeira delas será o Museu Nacional, entidade co-participante do projeto. "Nosso foco são as instituições fluminenses. Esperamos poder contribuir para o desenvolvimento de outros projetos de pesquisa que dependam da idade radiocarbônica, em particular envolvendo instituições de pesquisa sediadas no estado do Rio de Janeiro. Mas como seremos um dos únicos no país a realizar o processo, eventualmente atenderemos pedidos de outros estados", conclui Godoy.
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