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Publicado em: 17/07/2009
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Biofábrica: mudas de frutas com melhoramento genético

Vilma Homero

 Divulgação

 
 Nos viveiros da biofábrica, desenvolvem-se mudas
 de goiabeiras e outras plantas livres de pragas

Goiabeiras livres de nematóides, como o Meloidogyne mayaguensis. No que depender das pesquisas que estão sendo desenvolvidas na primeira biofábrica fluminense, inaugurada há pouco mais de uma semana em Bom Jesus do Itabapoana, noroeste fluminense, isso logo será uma realidade em todo o estado do Rio de Janeiro. A praga, que vem contaminando os cultivares de alguns municípios, como São João da Barra e Cachoeiras de Macacu, tem prejudicado os pequenos produtores da região. Para produzir mudas resistentes a doenças como essa, o projeto une o Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), à empresa Itamudas. Com um investimento de R$ 369 mil, a biofábrica será uma iniciativa que, segundo o secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, poderá ser levada a diversas outras cidades fluminenses.

Parte do projeto "Obtenção de variedades de goiabeira resistentes a nematóides e instalação de biofábrica na região noroeste fluminense, como forma de desenvolvimento regional", apoiado pelo edital de Apoio à inovação tecnológica, da FAPERJ, a biofábrica – que entra em funcionamento em agosto –, investirá em duas frentes. De um lado, dará andamento à parceria, que já vem sendo desenvolvida há cinco anos entre a Itamudas e os pesquisadores da Uenf, nas pesquisas para se chegar a uma variedade de goiabeira resistente. De outro, promoverá a produção de plântulas de banana e de espécies de orquídeas para comercialização a agricultores locais.

"Usamos matrizes de orquídeas para produzir material genético e para cultura dos tecidos que serão empregados nos laboratórios da biofábrica. Lá, isso será multiplicado e transformado em mudas, que mais tarde serão comercializadas para produtores locais, que as cultivarão durante as fases seguintes, até a floração", explica o produtor rural Evaldo Gonçalves Junior, responsável pela Itamudas.

O mesmo tratamento será dado às mudas de bananas. "No caso das bananas e orquídeas, a expectativa é de cultivarmos, junto com pequenos agricultores de Bom Jesus do Itabapoana e Varre-e-Sai, 100 mil mudas  anuais, de alto padrão genético e livre de doenças. Atualmente, essa produção seria capaz de atender todo o estado do Rio de Janeiro", fala Evaldo.

Enquanto isso, nos laboratórios da biofábrica e da Uenf, os pesquisadores procuram formas de desenvolver uma goiabeira resistente à praga que tem atacado os plantios de goiaba em todo o Brasil e já chegou ao Rio de Janeiro. "A Meloidogyne mayaguensis é difícil de controlar porque é um tipo de doença do solo, que ataca as raízes, impedindo a nutrição das plantas, que acabam morrendo. O maior problema é que essa praga tem facilidade de parasitar um grande número de plantas e já dizimou cultivos de extensas áreas no Nordeste", explica Evaldo.

Técnico agrícola com especialização em gestão do agronegócio, há cinco anos Evaldo coleta na natureza plantas da família que se mostrem resistentes. Para combater o nematóide, os pesquisadores estão recorrendo a um tipo de araçá. "Ele vem sendo implantado num acesso de goiabeira que pode ser considerado tolerante à doença. As mudas resultantes desse cruzamento estão sendo levadas a campo para testes de resistência: 500 nos viveiros da universidade e outras 1.500 nos viveiros da Itamudas", diz Evaldo.

As plantas que forem consideradas resistentes à doença passarão por novos testes para saber se são ideais para comercialização. Caso contrário, poderão servir para cavalo de novos enxertos. "Quando encontramos um acesso desses, começamos a promover melhoramentos genéticos. O material coletado é multiplicado em nossos viveiros. Quando as mudinhas atingem determinado tamanho, as entregamos à Uenf para os testes de resistência às pragas mais comuns, como os nematóides. Depois disso, os exemplares considerados resistentes são levados a testes de campo, o que tanto é feito nos viveiros da Uenf quanto nos da Itamudas", fala o produtor. Ele se entusiasma também com o fato de que a biofábrica tornará todo esse processo mais rápido. "A multiplicação das mudas será feita em laboratório."

Segundo Evaldo, as plantas encontradas na natureza, em geral, não têm valor comercial, devido às diferenças no padrão de tamanho, forma, cor e sabor. "Além disso, também é preciso ter um período de colheita uniforme e ter certeza de que os frutos não se deteriorarão rápido demais após colhidos", explica. Para tanto, o cruzamento com plantas de reconhecido valor comercial é necessário para se chegar a uma nova variedade que atenda a essas duas vertentes: resistência e valor comercial. "Já descobrimos uma espécie resistente, mas como não atendia às especificações do mercado, ela está sendo utilizada para cruzamentos."

Ele prossegue, ressaltando que, no do Rio de Janeiro, é preciso encontrar logo uma solução para o combate da doença, evitando que inúmeras famílias rurais dedicadas à cultura da goiaba – seja para venda in natura ou para a fabricação de goiabada caseira ou cascão – ficarão sem fonte de renda. Ao contrário do Nordeste, de culturas extensivas, no estado do Rio, a produção é feita em pequenas propriedades, principalmente em São Francisco do Itabapoana, São João da Barra, Cachoeiras do Macacu e, em menor escala, em outros municípios.

"As expectativas são grandes, pois até agora ainda não foram encontradas no país plantas que atendam a todas essas características. Se chegarmos a essa variedade, poderemos também atender a muitos estados brasileiros, já que é grande a demanda por mudas assim. Só em Pernambuco, mais de 4.000 hectares de cultivo de goiaba foram erradicados devido à doença", esclarece Evaldo. E logo acrescenta: "Mas sabemos que serão necessários ainda mais alguns anos para o término dos nossos estudos."

Várias obras levam desenvolvimento ao interior do estado 

 Divulgação Palácio Guanabara / Carlos Magno
  
   Além da biofábrica, o governador Sérgio Cabral 
inaugurou diversas outras obras no interior fluminense  
 
A inauguração da biofábrica aconteceu na última sexta-feira, dez de julho, na Praça Governador Portela, no centro da cidade. Estiveram presentes ao evento o governador Sérgio Cabral, o vice-governador e secretário de obras, Luiz Fernando Pezão, e os secretários de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, Christino Áureo, de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, e de Transportes, Julio Lopes, além do presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani, da prefeita de Bom Jesus de Itabapoana, Branca Motta, do diretor presidente da FAPERJ, Ruy Garcia Marques, do diretor de tecnologia da FAPERJ, Rex Nazaré Alves, do presidente do Grupo Neoenergia, Marcelo Correia, entre outros convidados. Na mesma data também foram inauguradas duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) do Grupo Neoernegia. O governador Sérgio Cabral anunciou uma série de investimentos do governo do estado no município, com recursos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios (Padem). Entre elas, o asfaltamento da estrada que liga o distrito de Serrinha à Usina Santa Maria, via importante para o escoamento da produção agrícola e da produção de algumas das cachaças artesanais mais famosas da região, a Velha Matinha e a Bousquet. A obra, numa extensão de 18 quilômetros, deve começar em setembro.

De acordo com o diretor de Tecnologia da Fundação, Rex Nazaré Alves, no início de 2007, a FAPERJ estava presente em apenas 15 municípios do estado; em 2009 já são 49 dos 92 municípios que têm projetos apoiados pela FAPERJ. "Nossa meta é atingir a totalidade dos municípios fluminenses, e para isso vimos, continuamente, divulgando os muitos editais lançados, envolvendo ciência e tecnologia" concluiu Nazaré.

"Somente em Bom Jesus, são cerca de R$ 2 milhões investidos em programas de inovação tecnológica, uma boa parte deles em parceria com a Uenf", declarou o diretor presidente da FAPERJ, Ruy Marques. Além de Bom Jesus, a FAPERJ também está apoiando projetos em outros municípios vizinhos, como Itaperuna, Santo Antônio de Pádua, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis, Conceição de Macabu, além de Campos, em setores como cerâmica, indústria canavieira, incubadoras de empresas e biodiesel. Esses investimentos vão refletir, diretamente, no valor agregado aos produtos, na criação de mão-de-obra e na melhoria da qualidade de vida da população do nosso estado, concluiu.

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