Débora Motta, de Manaus
Débora Motta |
Alberto Santoro: "Projeto prioriza a ciência pela ciência" |
A máquina – instalada num túnel de 27 km de circunferência a 100 metros da superfície, na fronteira franco-suíça, em Genebra – foi tema de conferência realizada na quarta-feira, 15 de julho, pelo professor Alberto Santoro, do Instituto de Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), durante a 61 Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). "O interior do LHC é o lugar mais vazio do sistema solar, devido ao vácuo feito por bombas iônicas", contou Santoro.
"O projeto não tem o objetivo de aplicar diretamente o conhecimento para uma realização específica, mas prioriza a ciência pela ciência", disse Santoro, ressalvando que, apesar da aparente despretensão, grandes avanços tecnológicos e científicos foram realizados dessa maneira. "O ‘www’, que hoje usamos para navegar na Internet, surgiu dentro do grupo do Cern, mesmo sem querer", destacou.
O físico explicou, para um público formado por alunos, profissionais da área e curiosos do assunto, que o LHC tem quatro detectores, que servem como os olhos dos pesquisadores para investigar as inúmeras colisões de prótons que ocorrem dentro do túnel: Atlas (A Toroidal LHC Apparatus), CMS (Compact Muon Solenoide Experiment), Alice (A Large Ion Collider Experiment) e LHCb (LHC Beauty).
A Uerj participa do grupo de trabalho do CMS, com o apoio da FAPERJ. "O CMS tem 21 metros de comprimento, 15 de altura e pesa 12 mil toneladas", conta ele, acrescentando que as informações entre os cientistas são trocadas através de uma arquitetura informacional desenvolvida especialmente para o projeto, chamada Grid.
Após 10 anos de construção e um investimento de 1,3 bilhões de francos suíços, dividido entre 14 países, o LHC entrou em funcionamento em setembro de 2008, mas seu funcionamento foi interrompido devido a uma pane. "A partir de setembro o LHC deve entrar novamente em funcionamento", afirmou o pesquisador.
Diversas instituições do País estão ligadas ao projeto de modo geral, entre elas a UFRJ, CBPF, PUC-Rio, UFRGS e USP. "Hoje, temos 77 pesquisadores trabalhando em parceria no LHC vinculados a instituições brasileiras, entre professores e estudantes", disse ele. No entanto, para Santoro, a participação brasileira no Cern é razoável, mas ainda insuficiente se comparada à atuação de outros países com níveis de investimento bem superiores. "Ainda esbarramos na burocracia para o repasse de recursos. A participação é muito baixa em áreas como a fabricação de equipamentos para o LHC", avaliou.
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