Débora Motta
Fotos de Divulgação/UFRJ |
No laboratório, estão sendo produzidos cerca de 200 litros de biossurfactante a cada semana |
O estudo, realizado em parceria com a Petrobras, é o primeiro do gênero no País. "É uma pesquisa inédita, que surgiu há 10 anos por iniciativa da pesquisadora Denise Freire, do Instituto de Química, em parceria com a pesquisadora Lidia Santanna, da Petrobras", conta Borges, que participa do projeto há cinco anos. A dupla de pesquisadores foi responsável pela orientação da tese de doutorado de Frederico Kronemberger, do Programa de Engenharia Química da Coppe, e bolsista Nota 10 da FAPERJ durante dois anos.
Processo de produção é baseado na fermentação aeróbia
De acordo com Kronemberger – que defendeu, em 2007, tese com o título "Produção de ramnolipideos por Pseudomonas sp. em biorreator com oxigenação por contactor de membranas" –, a ideia é produzir o detergente em maior escala, na Unidade Piloto para Produção de Biossurfactantes, localizada na Coppe e inaugurada no dia 24 de julho.
"O laboratório está produzindo cerca de 200 litros por semana do produto, à base de glicerina, mas ainda não realizamos testes em campo. Estamos avaliando a concentração necessária para a aplicação do biossurfactante na praia ou no mar", explica ele, acrescentando que esses testes devem ocorrer em 2010.
A oxigenação por membranas evita a formação |
A escolha da glicerina como substrato para a produção do detergente foi pautada pela relação custo e benefício. "Fizemos testes com diferentes fontes renováveis de carbono e a glicerina foi a que teve melhor resultado e menor preço, devido à facilidade de encontrá-la nas usinas produtoras de biodiesel, já que se trata de seu principal subproduto. Aliás, a expansão da produção de biodiesel tem feito o preço da glicerina cair cada vez mais, o que tem contribuído para diminuir o custo para a produção do biossurfactante. Embora inicialmente não tenha sido desenvolvida com esse propósito, nossa pesquisa acabou sendo uma alternativa interessante para absorver o excedente cada vez maior de glicerina, que de outra forma poderia causar impacto sobre o meio ambiente", destaca.
Para viabilizar essa fermentação sem a formação de espuma em demasia durante a fabricação do produto, um contactor de membranas é usado para o controle da concentração de oxigênio dissolvido no meio. "A produção excessiva de espuma tornaria inviável a produção em larga escala, daí a necessidade de se utilizar membranas para uma forma não dispersiva de oxigenação", conclui Frederico.
Após anos de trabalho, veio o reconhecimento. O estudo foi contemplado com diversos prêmios: Prêmio Petrobras de Tecnologia, em 2007; menção honrosa no Prêmio Capes de Teses, na área de Engenharias 2, em 2008; e ficou em segundo lugar no Prêmio Nacional de Pós Graduação Braskem-ABEQ, em 2009.
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