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Publicado em: 22/07/2010
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Avicultura fluminense: um setor com grande possibilidade de expansão

Vilma Homero


Fotos: Divulgação / UFF

 

  Amostras de sangue são coletadas periodicamente para
  avaliar e acompanhar a qualidade sanitária das aves

Berço da avicultura nacional, nos anos 1960, início da década de 1970, o Rio de Janeiro mantém hoje um volume de produção bem aquém dos números nacionais. Em compensação, o fluminense é o segundo mercado consumidor de alimentos do país, só perdendo para São Paulo. Para diminuir esse descompasso e contribuir com o desenvolvimento da avicultura do estado, a pesquisadora Virginia Leo de Almeida Pereira, da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), vem monitorando e avaliando as condições sanitárias de algumas granjas de cidades do interior fluminense. Seu projeto tem apoio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ.

Para tanto, Virginia vem coletando amostras, tanto em granjas de criação industrial quanto em granjas de criação alternativa, de menor porte. Seu trabalho visa apoiar a atividade avícola, não só avaliando a qualidade sanitária da carne e dos ovos produzidos no estado, como orientando os produtores e colaborando no treinamento dos fiscais da Defesa Sanitária Animal do Estado do Rio de Janeiro. A intenção é auxiliar no controle sanitário das granjas industriais e também estimular a produção alternativa de forma organizada e segura.

A partir de coletas semestrais de água, para avaliação microbiológica e físico-química, feita no Laboratório de Biologia Animal da Pesagro-Rio, assim como amostras de sangue e swabs (da traqueia e da cloaca) das aves, realizadas a cada dois ou três meses e processadas no Laboratório de Ornitopatologia da UFF, Virginia e sua equipe traçam um perfil da saúde do criatório. "Nas criações industriais, a tendência é de haver um maior controle sanitário, até mesmo devido à grande concentração de populações de aves, o que, por si só já exige maiores cuidados. No entanto , já identificamos a presença de micoplasmas, bactérias que provocam doenças respiratórias nas aves, e vírus de bronquite infecciosa, que costumam levar a deformações nos ovos tanto nestas criações quanto em criações alternativas", diz.

Nesses casos, a pesquisadora orienta o criador, propondo medidas para evitar problemas do gênero e mantém o acompanhamento. "Também monitoramos as granjas para detectar a presença de salmonelas e verminoses, problemas que são importantes evitar não apenas por prejudicar o bem-estar das aves e a absorção dos nutrientes da ração, como também para preservar a produção, já que os animais acometidos perdem peso e a os ovos também podem ser afetados por essas doenças", explica.

Regularmente, a pesquisadora realiza palestras, em instituições de ensino e eventos. "Também promovemos, junto aos criadores assistidos, um treinamento que engloba educação em higiene, controle sanitário, técnicas de manejo e os cuidados necessários no processamento, armazenamento e comercialização dos produtos", diz. "Também realizamos um trabalho de apoio a estas atividades no Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), propondo medidas sanitárias e promovendo o treinamento de fiscais", diz Virgínia. As salmoneloses e micoplasmoses aviárias são doenças com prioridade na abordagem do PNSA, pelos prejuízos que provocam.

 
     
Em vez de gaiolas, galinhas de corte são criadas no chão 
 
Segundo a pesquisadora, alguns tabus alimentares e outros associados à criação de aves ainda permanecem arraigados entre os consumidores. Como, por exemplo, o temor de um alto nível de colesterol nos ovos, que limitam o consumo. "Na verdade, vários estudos já comprovaram que esses temores são infundados, mas o fluminense ainda ingere pouco esse alimento de tão alto valor nutritivo, que além disso é barato", esclarece. Outro tabu diz respeito à ingestão de hormônio e de antibióticos pelas aves, durante sua criação em granjas, particularmente as industriais. "Com relação aos hormônios, nunca foram utilizados na criação de aves. Além de não serem necessários, são caros demais para se manter os preços dos produtos.E, quanto aos antibióticos, eles só são administrados em caso muito específicos, de doença entre as aves. E, nesse caso, essas aves não devem ser comercializadas para consumo humano antes de um período de carência para a eliminação dos resíduos na carne e nos ovos", explica a pesquisadora.

Virgínia também desmente a associação entre gripe aviária e a criação extensiva de aves. "A gripe aviária está mais ligada a aves aquáticas, que são reservatórios do vírus, e suas rotas migratórias. O problema só existirá se uma dessas aves estiver doente e entrar em contato com uma granja, o que é uma possibilidade mais remota, mas nem por isso impossível", diz Virginia. Ela acrescenta que para enfrentá-lo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em associação com a indústria avícola vêm adotando medidas preventivas adequadas e por isso a doença nunca foi detectada no Brasil. "Até porque o problema, que é objeto das políticas de saúde, é também uma questão de segurança nacional, já que uma crise no setor afetaria a economia do país, maior exportador de carnes do mundo, e prejudicaria municípios inteiros que vivem da atividade avícola,", diz Virgínia. O Brasil é o maior exportador e terceiro produtor de carne de frangos do mundo e o sétimo produtor de ovos.

 
 
   Para a pesquisadora Virginia Leo (dir.), a avicultura
     fluminense ainda tem muito para se expandir
   
Ela conta também que seu trabalho sempre esteve ligado à avicultura nacional. Mas o acompanhamento das condições sanitárias das aves teve início em Quissamã, em 2005, quando recém-ingressa na UFF, iniciou o seu primeiro projeto de extensão em parceria com a prefeitura municipal. A partir daí, seu trabalho não apenas teve continuidade, como se expandiu para outras cidades, como São José do Vale do Rio Preto, a pedido de criadores industriais fluminenses que se concentram neste município, e ainda fechou novas parcerias com a Pesagro-Rio e, recentemente, com o Instituto Biológico de Bastos, em São Paulo. O município de Bastos é o maior produtor nacional de ovos.

"Hoje, no Rio de Janeiro, contamos com apenas um grande produtor industrial de frangos de corte, que é a Rica, e a avicultura de postura sobrevive quase sem incentivo. Ainda não se dá à avicultura o valor que ela merece. Na verdade, trata-se de uma solução interessante no sentido de manter o homem no campo sem a utilização de grandes áreas. Precisamos ter um programa específico para incentivar investimentos no setor, que é bastante promissor."

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