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Publicado em: 29/07/2010
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Luminol: recurso para localizar aeronaves em acidentes aéreos

Vilma Homero


 Divulgação

 

 Sob a luminescência do luminol, vestígios de sangue ficam visíveis em equipamentos, 
  instrumentos cirúrgicos e endoscópios. Indicativo para controle de 
infecção hospitalar

Em casos criminais recentes de grande repercussão, o uso de luminol tem sido sempre cogitado. A substância é capaz de revelar vestígios de sangue oculto em qualquer tipo de superfície ou material, como tapetes, bancos de automóveis, pisos cerâmicos, colchões ou mesmo na pelagem de animais, o que a torna uma prova científica irrefutável, que ainda pode ser associada ao exame de DNA.

Como um eficiente detector de sangue, o luminol – cuja rota de síntese foi desenvolvida no Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com apoio do edital Rio Inovação 2008, uma parceria FAPERJ/Finep – é uma substância que produz uma reação de quimiluminescência que dispensa o uso de luz ultravioleta. "Sua sensibilidade química permite identificar manchas de sangue em uma proporção que vai até 1:1.000.000, mesmo em superfícies extremamente lisas, como as de azulejos, pisos cerâmicos e madeira que já tenham sido exaustivamente lavados", diz Richard Kessedjian, diretor da Alfa Rio Química, empresa sediada em Caxias e responsável pela produção em escala industrial da substância.

Lançado há apenas 15 dias e produzido com matéria-prima inteiramente nacional, o luminol brasileiro – que, na verdade, tem nome comercial de Alfa Luminox – apresenta grandes vantagens em relação a seu similar importado. "A luminescência é três vezes maior, o que foi comprovado em ensaios comparativos, realizados no CSI Miami, da Polícia de Miami, nos Estados Unidos. Também não apresenta qualquer toxicidade e até tem sido indicado como identificador de hemorragias em ratos, segundo um artigo científico publicado pela revista, Nature Medicine em 2009", diz Kessedjian. O produto já vem sendo comercializado para órgãos policiais dos estados do Rio Grande do Norte, Paraná, Minas Gerais e São Paulo, e seu preço é metade do que custa o importado.

Mas se seu uso já está consagrado na área forense, seus produtores começam a investir em outras aplicações, como algumas das tecnologias desenvolvidas no Lasape, da UFRJ. A empresa já tem até outro alvo: o dos acidentes aéreos. A partir da notícia de que, por algum estranho fenômeno, uma grande concentração de bactérias Vibrio harveyi, na costa da Somália, emitia radiação luminosa capaz de ser captada por satélites de meteorologia, os pesquisadores logo desenvolveram essa nova aplicação.

"Da mesma forma, podemos usar a luminiscência do produto, que seria armazenado em sacos de polipropileno de alta densidade no interior de aeronaves, embalagens que, em caso de grande impacto, liberariam o produto que, durante 30 minutos, se espalharia, produzindo a reação quimiluminescente azul por tempo suficiente para ser localizado por satélites", explica Kessedjian. Segundo ele, isso não só facilitaria o trabalho de localização, como poderia significar maior rapidez no resgate de possíveis sobreviventes, especialmente em locais inóspitos e de difícil localização por radares, como no oceano atlântico e na floresta amazônica. "Estamos buscando aplicações em áreas de interesse ao desenvolvimento econômico industrial do estado do Rio de Janeiro", acrescenta.

Além dessa aplicação, a empresa está procurando direcionar o emprego do produto para outras áreas. Como o setor de saúde, para a detecção de vestígios de sangue em material e equipamentos cirúrgicos. "O Alfa-Luminox tem identificado com sucesso traços de sangue oculto em equipamentos cirúrgicos e endoscópicos, e roupas hospitalares que haviam sido submetidos aos processos clássicos de esterilização. Essa é uma forma eficaz de se prevenir infecção hospitalar, já que, como já foi largamente descrito na literatura médica, o sangue é um excelente meio de cultura de microorganismos patogênicos. Cepas mutantes e resistentes de Pseudomonas aeruginosas, Staphylococcus aureus e outros têm provocado diversas vítimas fatais em hospitais brasileiros e em todo mundo", explica o diretor. "Nosso produto tem todos os requisitos para ser avaliado e incorporado à rotina do controle de contaminação hospitalar. Com ele, podemos garantir a total eliminação de traços de sangue em centros de hemodiálise, CTIs, centros cirúrgicos e outros locais em que há exposição ao sangue em unidades de saúde."  Para validar essa nova aplicação, a empresa começa a homologar o produto junto aos órgãos regulatórios do Ministério da Saúde, para investir em mercados dessa área. Para isso, a empresa pretende introduzir seu uso junto a um hospital público do estado. "Incorporando boas práticas como essa, teremos os mesmos dados de desinfecção observados em hospitais na Holanda", diz.

"O luminol também pode ser empregado, por exemplo, como reagente em determinados tipos de exame para determinar a presença de sangue oculto nas fezes (PSO). Isso contribui para o diagnóstico de certas doenças, como o câncer gástrico." Os exames realizados a partir do protocolo de teste foram bastante satisfatórios, já que o luminol mostrou maior sensibilidade em indicar a presença de sangue no filme do exame, sem ser tóxico para os analistas do laboratório, em comparação a outras substâncias hoje empregadas, consideradas com potencial cancerígeno. Por tudo isso, Kessedjian acredita que o Alfa Luminox tem tudo para conquistar uma vasta clientela nacional e, quem sabe, também de outros países. "Se depender de versatilidade e eficácia, o luminol é um produto de sucesso", conclui Kessedjian.

 

 

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