Danielle Kiffer
Fotos: Roberto Eizemberg |
Entre as diversas espécies de baratas existentes, |
Onívoras, muitas delas de hábitos noturnos e com enorme capacidade de adaptação, as baratas são consideradas uma praga urbana. Mas menos que 1% das quase quatro mil espécies existentes faz jus a tal fama, já que moscas, pulgas e besouros causam mais danos aos seres humanos do que elas. Algumas espécies silvestres – e elas são várias – não se parecem nem um pouco com as que comumente partilham o ambiente urbano. A Panchlora nivea, por exemplo, tem coloração verde e costuma viver em árvores. Mas na disputa entre as mais exóticas, a Blaberus giganteus, nativa da América Central e do Sul, pode chegar aos 10 centímetros. Outro grande exemplar é a chamada barata-rinoceronte. Apesar do nome, a australiana Macropanesthia rhinoceros é menor do que sua prima latina, atingindo apenas 7 a 8 centímetros de comprimento. Curiosidades como essas fazem parte da série de vídeos criada pela equipe do projeto, coordenado por Masuda. "Quando os alunos me perguntam se as baratas sobreviveriam a um ataque nuclear, respondo que elas são tão suscetíveis às mutações e destruição resultantes da radioatividade quanto nós, mas elas têm uma grande vantagem: como vivem em locais como esgotos e galerias, no subsolo, e seus ovos são protegidos em ootecas, elas teriam mais chances de sobrevivência", diz Suzete.
"Um único casal de baratas poderia, em condições ideais, gerar milhares de descendentes no período de um ano. Segundo levantamento realizado em São Paulo pelo Instituto Nacional de Pesquisas Biológicas, há 200 baratas / por habitante daquela metrópole. Número que não deve ser muito diferente para o Rio de Janeiro. O estado, por sinal, concentra em seus espaços naturais uma grande diversidade de espécies, boa parte delas endêmica. "A observação e filmagem dessas espécies, realizada no Parque Nacional da Serra dos “rgãos, região serrana fluminense, visou registrar seu comportamento em condições naturais. Dessa forma, o projeto também contribui para ampliar o conhecimento científico-tecnológico na própria comunidade científica", diz a entomologista Suzete Bressan.
Nas visitas às escolas, o grupo leva diversas baratas em blocos de acrílico para o aprendizado dos alunos |
Na verdade, as baratas, principalmente as espécies Periplaneta americana, também conhecida como barata de esgoto, e a Blatella germanica, também denominada de "alemã" ou "francesinha", tornaram-se pragas devido ao excesso de lixo que a vida urbana demanda. Vivendo entre esgotos e lixo urbano, elas acabam levando para o ambiente de residências e hospitais fungos e bactérias. Além disso, suas fezes também podem ser causadoras de alergias respiratórias", diz Masuda.
Numa parte do vídeo, em trechos de entrevistas com pessoas na rua, analisa-se o conhecimento que a grande maioria tem sobre o inseto, desmistificando crenças populares e respondendo as perguntas feitas com explicações científicas. "Essa é uma parte muito importante, já que a informação é uma arma eficiente no controle desses insetos e para se investir na prevenção das doenças que elas transmitem", afirma Roberto Eizemberg.
O grupo participa ainda do Espaço Ciência Viva, museu de ciências que funciona num galpão cedido pelo governo do estado na Praça Saens Peña, na Tijuca. Lá, e em visitas a escolas, eles difundem os conhecimentos não só sobre baratas, mas também sobre outros insetos. "Uma de nossas preocupações é desmistificar a visão, comum entre crianças e adolescentes, de que inseto é necessariamente ruim. Para isso, levamos informações sobre borboletas e abelhas, e mostramos as espécies de baratas silvestres, que têm aparência bem diferente das espécies urbanas populares", acrescenta Paula. Dessa forma, as crianças acabam se encantando e perdendo o medo. "Além disso, conhecendo melhor baratas e outros insetos é a melhor, e mais educativa, forma de prevenir sua proliferação", finaliza.
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