Elena Mandarim
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Site reproduz texto e imagens publicadas em peridódico do séc. XIX |
De acordo com a pesquisadora, as 38 edições da publicação foram analisadas e as gravuras foram reunidas em grupos temáticos, como: os Estados Unidos, enquanto modelo de nação moderna; a botânica, uma das disciplinas que mais despertava interesse nos leitores; e os objetos de ciência e da tecnologia. "Cada tema terá sua imagem-chave, que abrirá para o conteúdo da pesquisa, com apresentações e interpretações históricas. No site, está disponibilizada também a versão digitalizada do jornal, tal como se encontra na Biblioteca Nacional."
Moema esclarece que, no século XIX, a ciência era entendida como “um bem para a humanidade”. As publicações da época, portanto, assumiram a missão de difundi-la para a população, com o objetivo de formar uma cultura científica, de incluir novos termos no vocabulário cotidiano ou na literatura e de dar suporte a desenvolvimentos econômicos e sociais. Jornais e revistas que divulgavam ciência se caracterizavam basicamente por três elementos: levar conhecimento a todos os públicos, ensinar e divertir ao mesmo tempo, utilizando uma linguagem que não fatigasse o leitor.
Diferenciais da publicação
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Entre os objetos que aparecem no O Vulgarisador, |
A partir de sua pesquisa, Moema afirma que particularmente O Vulgarisador reconhecia a importância das imagens como atrativos lúdicos para os leitores e, por isso, cada edição trazia uma ou mais gravuras. “Essa foi uma das características que me fez optar por ele”, declara a pesquisadora, ressaltando que, diferente de outras publicações que circularam na época, como a Revista Ilustrada, a Revista Brasileira e o Almanack Leammert, O Vulgarisador trazia recursos visuais rústicos e de pouca definição. “Parecia artesanal, o que reforça a ideia de missão por parte do editor”, destaca.
Moema conta que o editor era o português Augusto Emílio Zaluar (1825-1882), o primeiro escritor de ficção científica do Brasil. “Zaluar chegou a cursar a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e veio para o Brasil em 1849, quando então viveu de seus trabalhos literários e jornalísticos, conseguindo alcançar grande popularidade”, conta. Outro diferencial, segundo a pesquisadora, é a presença constante de crônicas escritas por literatos expoentes da época, como José Alencar. "A ciência também estava presente na literatura daquele momento“, diz.
Segundo a pesquisadora, narrar a história da divulgação da ciência a partir de imagens ainda é algo pouco explorado no Brasil. Ela conta que, no século XIX, a circulação de imagens entre os periódicos era intensa e nem sempre fazia referência às fontes de origem. “No site poderão ser vistos alguns casos em que conseguimos rastrear a origem da gravura publicada no jornal”, conta.
Se por um lado o site traz os resultados da pesquisa, por outro exerce, em sua própria essência, a função de divulgação científica. Moema espera que sua iniciativa sirva para motivar outros pesquisadores. “Esperamos sensibilizar nossos pares a publicarem seus trabalhos na rede, de forma acessível a todo tipo de público”, conclui. Essa atitude ajudaria a consolidar o futuro da divulgação da ciência, em seus diversos campos. Resta saber se os demais pesquisadores estão dispostos a seguir os passos da professora Moema.
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