Vinicius Zepeda
Acervo MHN/Ibram/MinC |
Moedas de ouro com as faces de Felipe II (no alto) e de Alexandre III |
O catálogo, desenvolvido entre 2006 e 2010 no Museu de História Nacional (MHN), contou com duas bolsas da FAPERJ: Apoio ao Pesquisador Visitante (APV, 2006-2008) e Apoio à Infraestrutura de Acervos (APQ4, 2008-2010), e deverá ser publicado pelo MHN em maio deste ano. O material reúne moedas de regiões em três continentes, que entre os séculos VI a.C e III d.C estavam diretamente sob a influência grega ou sob o domínio romano: Europa, Ásia Menor e Central, e norte da África. “Na antiguidade, moedas de ouro, prata e bronze começaram a ser usadas no lugar de objetos de escambo. Essas pequenas chapas de metal tinham diferentes padrões e se difundiram desde a costa atlântica européia até o noroeste da Índia”, explica Maricí.
Divulgação: Sociedade Numismática Brasileira |
Ninfa com touca nos cabelos (E) e coruja foram gravadas |
Segundo Maricí, o apoio da FAPERJ foi decisivo para o desenvolvimento da pesquisa no Departamento de Numismática do museu. O trabalho, extremamente minucioso, constou da análise detalhada de cada uma das 1,9 mil peças classificadas como “gregas”. “Durante a pesquisa, encontramos erros de catalogação, moedas falsas e outras um tanto desgastadas para serem fotografadas para o catálogo. Assim, o número final caiu para 1.750 peças”, explica. Ela chama a atenção para algumas relíquias encontradas. “Entre elas, estão uma moeda da Ásia Menor cunhada no final do século VII a.C; as esplêndidas coleções da península itálica, da Sicília e da Grécia; moedas provinciais romanas com o perfil de Antínoo, favorito do imperador Adriano, do século II d.C.; e exemplares de Alexandria, da época do imperador Augusto até Diocleciano, no século III d.C”, enumera. “No entanto, todas elas, sem exceção, tem, separadamente, inestimável valor histórico e artístico.”
Arquivo Pessoal |
Maricí Magalhães: produziu o |
Maricí Magalhães também contou com a preciosa colaboração do numismata Luiz Aranha Correa Lago, professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e também curador da exposição permanente de moedas do MHN, que revisou todo o material apresentado no catálogo e auxiliou com o empréstimo de obras não existentes no Brasil para consulta. Lago observa que as figuras impressas na superfície das moedas mostram as características socioeconômicas daquelas civilizações, em representações bem realistas. Pelas moedas, é possível observar como as pessoas da época se vestiam e como eram seus penteados. “Os romanos não usavam barba até a época do imperados Adriano, no século II d.C. Depois dele, todos os imperadores passaram a ter barba”, destaca.
O catálogo tem apresentação da diretora do MHN, Vera Lúcia Bottrel Tostes, e prefácio de Lago, contando a história da produção de moedas em todo o período compreendido na obra. Nas páginas que antecedem o catálogo propriamente dito, a autora também fala sobre a história da coleção e a metodologia empregada na pesquisa, oferecendo ainda ampla bibliografia. Ao todo, há 3.500 ilustrações relativas ao anverso e ao reverso de cada moeda.
É. Da próxima vez que receber uma moedinha, pense duas vezes antes de reclamar. No futuro, esse pequeno pedaço de metal pode servir para contar um pouco de história...
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