Elena Mandarim
Divulgação/Hupe |
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Segundo a pesquisadora Fátima Figueiredo, o FibroScan, capaz de detectar a fibrose |
Equipamento adquirido com recursos do edital da FAPERJ para Apoio às Universidades Estaduais - Uerj, Uenf e Uezo, o FibroScan é um aparelho de ultrassom, que, por imagem e de forma não-invasiva, consegue determinar com bastante exatidão o grau de fibrose hepática, especialmente nos dois extremos: pacientes com pouca ou nenhuma fibrose e os que têm fibrose em estágio avançado ou já apresentam cirrose hepática. “Mesmo não oferecendo resultado conclusivo para os casos intermediários, o uso do FibroScan evita o procedimento da biópsia nesses dois grupos de pacientes”, relata.
Embora, segundo o senso comum, a cirrose hepática seja associada apenas à elevada ingestão de álcool, Fátima enumera outras causas, como doenças que afetam diretamente o órgão, por exemplo, as hepatites B e C, e a doença gordurosa do fígado, comumente associada à síndrome metabólica – estado clínico que engloba, entre outros problemas, obesidade, diabetes e hipertensão, fatores que aumentam muito o risco das doenças cardiovasculares. Ela explica que, em resposta a essas agressões, o fígado perde células saudáveis e funcionais e, no lugar, produz fibrose (cicatriz). “Quanto maior a fibrose, menor é o número de células saudáveis e, consequentemente, maior é o grau de insuficiência hepática. A cirrose hepática, portanto, já é o estado de falência do fígado, quando o órgão perde sua funcionalidade, o que torna o transplante a única solução”, diz.
Para a médica, o diagnóstico preciso da extensão e do grau da fibrose hepática é importante para delinear o prognóstico, possibilitar a escolha do tratamento mais adequado e adotar medidas preventivas ao câncer no fígado e à hipertensão da artéria porta (que chega ao fígado), duas condições associadas às doenças hepáticas em estágio avançado. “Em pacientes com hepatite C, por exemplo, a fibrose é o principal parâmetro da evolução da doença e influencia diretamente na indicação do tratamento antiviral”, exemplifica. Ela conta que, tradicionalmente, a biópsia tem sido considerada o “padrão-ouro”. “No entanto, por ser um método invasivo e doloroso, tem pouca aceitação entre os pacientes, além de estar sujeita a erro de amostra e de variações na interpretação do patologista. Certamente não é ideal para acompanhar a evolução ou a regressão da doença, que necessita de repetidas amostragens”, pondera Fátima.
A pesquisadora ressalta que a eficácia do FibroScan foi atestada em estudos com algumas populações, principalmente, europeias. O objetivo agora é desenvolver projetos com os brasileiros e assegurar resultados semelhantes. “A introdução do FibroScan no Brasil é recente, ainda não temos dados suficientes em nossa população. Mas não vejo qualquer motivo para que nossos resultados sejam diferentes dos observados em outros estudos”, aposta Fátima. Para ela, concluir projetos que comprovem a eficiência desse novo método de diagnóstico é o primeiro passo para introduzi-lo na prática médica de nossos hospitais públicos.
De acordo com a pesquisadora, as doenças metabólicas, ao lado das gastrointestinais, estão entre os principais problemas crônicos de saúde pública. Segundo números do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), houve 9.236 mortes por fibrose e cirrose hepáticas no país em 2008. Portanto, investir em inovações no campo de diagnóstico é importante tanto para ampliar a capacidade de atendimento e dinamizar o tratamento adequado quanto para diminuir os gastos públicos. “Na investigação da fibrose hepática, por exemplo, a biópsia, além de apresentar limitações, é um método invasivo e caro. A implantação do FibroScan pode significar uma melhoria no atendimento à população e uma economia aos cofres públicos”, conclui Fátima.
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