Danielle Kiffer
Acervo Casa de Oswaldo Cruz |
Nas campanhas iniciais, dos anos 1950, os primeiros alertas contra o câncer |
A pesquisa nasceu do livro intitulado De doença desconhecida a problema de saúde pública: o Inca e o controle do câncer no Brasil, que o pesquisador escreveu por ocasião dos 70 anos de fundação da Fiocruz. "O título se refere ao desconhecimento das pessoas acerca da doença até a metade do século XX. Muitos se recusavam a pronunciar a palavra câncer, que também acreditavam tratar-se de uma doença de ricos", conta. Ao rever a trajetória do Inca enquanto escrevia o livro, Luiz Antônio resolveu levar os fatos mais interessantes para estudos, pesquisas e análises de outros profissionais. Além dos dados históricos, Luiz e sua equipe estão colecionando as imagens da época, como cartazes e fôlderes, das campanhas realizadas no país naquele período. Futuramente, todo este material será disponibilizado para consulta on-line.
Segundo o pesquisador, a primeira campanha contra o câncer no Brasil foi desenvolvida em 1948, pelo médico Mário Kroeff, o criador, em 1937, da primeira enfermaria especializada em câncer do Rio de Janeiro, que posteriormente se tornaria o Instituto Nacional do Câncer. "Entre 1948 e a década de 1950, Kroeff se dedicou intensamente à tarefa de divulgar e informar sobre a doença. Ele promovia programas de rádio, ministrava palestras, além de organizar exposições com fotos, desenhos, caricaturas e outras ilustrações sobre o tema no Centro do Rio." Luiz Antônio relata que o Mario Kroeff também produziu um filme sobre o assunto, embora o pesquisador ainda não tenha conseguido encontrar a película. O material do médico, assim como fotos suas e de pacientes, e a documentação que acumulou sobre a doença estão sendo reunidos pelo historiador, que conta, inclusive, com a ajuda da família de Mário Kroeff, para uma futura exposição em um espaço para visitação pública.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz |
Nos anos 1980, intensificaram-se |
Luiz Antônio explica que as campanhas, principalmente voltadas para a prevenção do câncer cervical, do câncer de pulmão e contra o tabagismo começaram a ser retomadas na década de 1980. No entanto, somente com o estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no final da década, essas ações iriam se intensificar com o lançamento da campanha de controle do câncer de colo do útero denominada Viva Mulher. O historiador esclarece que, em 1995, durante a IV Conferência Internacional da Mulher em Beijing, na China, a delegação brasileira era chefiada pela então primeira dama, Ruth Cardoso, que se comprometeu a cuidar da questão do câncer de colo no país. A partir daí, as campanhas contra a doença aos poucos foram se transformando em programas mais amplos e permanentes.
Na opinião de Luiz Antônio, ainda há muito trabalho a ser feito. "Até hoje, muitas mulheres estão morrendo de câncer de colo de útero no Brasil, principalmente na região Norte do país. É o segundo tipo de câncer de maior incidência entre as mulheres no Brasil. Acredito que, com maior divulgação de informações, que levem as mulheres a visitar regularmente o ginecologista e a realizar exames preventivos,poderíamos evitar tantas mortes, pois esse tipo de câncer é lento e de fácil diagnóstico", conclui.
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