Fotos de Sérgio A. Chamorro Smircic
O processo de transformação social ocorrido em acampamentos de trabalhadores rurais sem terra em Pernambuco é tema de uma mostra em cartaz no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. A exposição "Lonas e bandeiras em terras pernambucanas" retrata experiências e dramas de dirigentes sindicais, militantes e trabalhadores vinculados ao MST, que a partir de 1992 montaram acampamentos em engenhos produtores de cana-de-açúcar nos municípios de Rio Formoso e Tamandaré, no interior do estado.
A mostra é resultado do trabalho desenvolvido, a partir de 1997, por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (UFRJ) e do Departamento de Ciências Sociais da Ecole Normale Supérieure de Paris (ENS).
O cotidiano no interior dos acampamentos, os despejos judiciais, os ataques de milícias privadas, o processo de desapropriação e a vida depois do assentamento são vistos por meio de fotos, vídeos, áudio, textos, documentos e objetos coletados em campo. Uma forma de transmitir ao público toda a dramaticidade da vida dos trabalhadores rurais sem terra.
Símbolo de luta
O título "Lonas e bandeiras em terras pernambucanas" remete a dois referenciais do movimento: a lona preta que cobre as barracas e identifica os acampamentos e que simboliza o precário e o provisório; e as bandeiras com o símbolo do MST e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape). Remete, ainda, às entradas e bandeiras, movimento da história nacional também relacionado à luta por territórios.
Quem percorrer a exposição, que conta com apoio da FAPERJ, terá a sensação de estar em meio a uma ocupação de terra. Na abertura, um grande mapa do Brasil indicando as regiões pesquisadas em Pernambuco. Ao chegar na primeira sala, "Uma viagem pra pegar terra", o visitante encontrará um ambiente revestido de preto e uma projeção de slides reconstituindo os momentos iniciais de uma ocupação. Em outra sala, intitulada "Debaixo da lona preta", verá de perto a vida no acampamento.
A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 16h, até o dia 10 de novembro. O Museu Nacional fica na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. O ingresso custa R$ 3. Crianças até 10 anos e maiores de 65 anos têm entrada franca. Informações: (21) 2568-8262 ramal 202.
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