Débora Motta
Reprodução |
Obra mostra a importância das revistas ilustradas no séc. XIX |
“É um livro que trata ao mesmo tempo da história da imprensa e da história da imagem no País, valorizando a cultura letrada e a cultura visual do Segundo Reinado”, resume Paulo Knauss, diretor do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ao longo de três capítulos – “As revistas ilustradas no mundo dos impressos”, “As revistas ilustradas e seus temas” e “No tempo das revistas ilustradas” –, o livro reúne 11 estudos de diferentes autores que abordam, com perspectivas diversas, a imprensa e o mundo social oitocentista. “Os artigos destacam como o imaginário social brasileiro da época tem como referência a relação entre texto escrito e imagem que se estabeleceu na imprensa ilustrada”, diz Knauss.
De acordo com o historiador, a obra veio preencher uma lacuna bibliográfica sobre o tema. “A ideia de fazer um livro sobre o assunto surgiu da necessidade de se criar um material para atender as atividades acadêmicas de pesquisa sobre as revistas ilustradas da segunda metade do século XIX, que era escassa. Normalmente, a bibliografia sobre o século XIX valoriza muito a imprensa panfletária do Primeiro Reinado, que não é nosso objeto de estudo”, conta Knauss. Para ele, as revistas ilustradas contribuíram para formar no público leitor a cultura visual. “Hoje, associamos sempre a ideia de fotografia e notícia, mas antes da fotografia, a gravura já circulava nas revistas ilustradas. A introdução desse tipo de imagem, a maioria em preto e branco, renovou a imprensa escrita”, explica o autor do prefácio da coletânea.
Diversidade de temas
Com reportagens sobre variedades e atualidades, ilustrações de moda e sátiras políticas, representadas pelas caricaturas, as revistas ilustradas abordavam temas diversos. “Essas revistas eram, muitas vezes, produzidas no Rio de Janeiro, a sede do Império, e distribuídas para outras províncias, onde eram balizadoras da moda, do comportamento e fonte de notícias da época”, explica a organizadora do livro Marize Malta, professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre as revistas ilustradas que circulavam na época do Segundo Reinado estavam o Museu Universal – Jornal das Familias Brazileiras, Minerva Brasiliense, Ostensor Brasileiro, A Estação e O Jornal das Senhoras. Elas apresentavam a informação visual por meio de estampas encartadas e/ou ilustrações impressas na própria página, junto ao texto, por clichê ou processos litográficos.
Reprodução |
Página de abertura da revista A Estação destaca a moda feminina |
A revista quinzenal A Estação, assim como outras da época, refletia a forte influência francesa nos costumes da época. Era uma versão brasileira da parisiense
Retratos de uma época, as revistas ilustradas tiveram o mérito de colocar as imagens não apenas como fonte de informação complementar ao texto, mas muitas vezes como a principal fonte de informação, além da palavra. “A imagem era tão importante quanto o texto nas revistas ilustradas. Elas construíam o conhecimento”, destaca Marize Malta. Por esse motivo, as imagens são destaque na edição do livro Revistas ilustradas – modos de ler e ver no Segundo Reinado, ricamente ilustrado com os periódicos em análise. “O apoio da FAPERJ foi importante para poder publicar as imagens dessas revistas, discutidas na obra com uma edição de qualidade, toda em papel couché”, conclui.
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes