Elena Mandarim
Victor Valentim |
Segundo Veras, envelhecimento ativo pode diminuir os gastos dos sistemas de saúde |
A Unati vem crescendo e se desenvolvendo desde 1993. Com diversos projetos apoiados pela FAPERJ, ela vem produzindo pesquisas sobre a saúde do idoso tanto sob a perspectiva biológica quanto pela sociocomportamental. Veras explica que o aumento da expectaviva de vida trouxe novos desafios para a medicina e novas questões para a sociedade moderna. Dessa forma, as pesquisas devem não só buscar entender as peculiaridades da saúde física e mental dos idosos, como também de que maneira eles são vistos pela sociedade e de que forma estão inseridos no meio em que convivem. "Em um de nossos estudos, por exemplo, investigamos como a atitude positiva e ativa do idoso pode influenciar no tratamento de doenças crônicas e na regressão de limitações físicas e mentais. Observamos que esses idosos adoecem menos e precisam de uma quantidade reduzida de medicamentos, de procedimentos e de exames médicos contínuos e, portanto, oneram menos os sistemas público e privado de saúde", relata o pesquisador.
Atualmente instalada numa área aproximadamente de 800 m2 do campus universitário da Uerj, a Unati inclui, também, o programa de envelhecimento ativo, que oferece, para pessoas a partir de 60 anos de idade, cerca de 120 atividades, como aulas de canto, literatura, informática, ginástica cerebral e pintura, entre outros. Inclui também o ambulatório do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) e o ambulatório do Cuidado Integral à Pessoa Idosa (CIPI). Veras conta que, pelos significativos resultados alcançados, a Unati está exportando seu modelo de atenção ao idoso para outras cidades do Brasil.
O pesquisador explica que, na medida em que há uma integração com as atividades oferecidas pela Unati, o idoso se torna mais receptivo a medidas preventivas, que levem ao diagnóstico precoce de doenças, e à adesão ao tratamento prescrito. “A nossa função é capacitar profissionais para observar qualquer alteração da normalidade. Um professor de dança, por exemplo, deve ter condições de detectar uma dificuldade no andar, que pode ser indicativo de uma síndrome de fragilidade. Quando isso ocorre, o idoso aceita mais facilmente ser encaminhado à equipe médica para ser submetido a exames e, quando necessário, à terapêutica adequada”, conta Veras.
Outro ponto positivo, ressaltado pelo pesquisador, é que na Unati faz-se um atendimento multidisciplinar. Ele lembra que, atualmente, a lógica é olhar para a doença e não para o paciente, ou seja, cada mal é tratado especificamente pelo profissional competente. “Quando fica doente, o adulto vai a um especialista, é medicado e se recupera. Contudo, na terceira idade, em geral, uma patologia está associada a outras. Portanto, o mais adequado é ter uma abordagem ampla do idoso”, compara.
Veras destaca ainda que a Unati desenvolve trabalhos em parcerias com outras unidades acadêmicas, como a Faculdade de Direito, o Instituto de Educação Física, de Nutrição, Letras, a Faculdade de Enfermagem, por exemplo. “O objetivo é atender ao máximo todas as necessidades da terceira idade. Já tivemos casos, por exemplo, de um diagnóstico de depressão motivado por pendências judiciais. Nesse caso, o idoso não foi encaminhado ao psiquiatra e sim ao serviço jurídico”, relata.
Realidade brasileira
Dados das Nações Unidas (ONU) indicam que, em 40 anos, a população idosa brasileira vai aumentar para 45 milhões de pessoas, das quais 15 milhões terão mais do que 80 anos. Para Veras, esse cenário se torna preocupante quando se observa que o aumento da expectativa de vida não está sendo acompanhado por uma política de manutenção da saúde. “As pessoas estão envelhecendo sem receber a atenção e cuidados devidos, o que faz com que os idosos apresentem um quadro de múltiplas enfermidades, frequentemente, com doenças crônicas que perduram até a morte”, diz o pesquisador.
Esse cenário pode causar impactos financeiros nos sistemas de saúde público e privado. Segundo Veras, as políticas de prevenção, aliadas à promoção de saúde do idoso podem ser fundamentais para se encontrar uma solução viável para a crise do setor. Contudo, ele alerta que, atualmente, a prevenção virou um discurso “moderninho”, mas que na prática pouca coisa eficiente tem sido feita.
Segundo o pesquisador, um dos objetivos da Unati é disseminar a cultura de prevenção. “Durante oito anos, mantivemos um intenso diálogo com a ANS para estender a ideia às operadoras privadas. No Rio de Janeiro, por exemplo, elas atendem 58% da população. Mais do que diminuir os gastos, a proposta de medicina preventiva, quando adequadamente realizada por profissionais qualificados, favorece a saúde dos cidadãos”, conclui Veras.
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