Danielle Kiffer
Divulgação |
Documentário conta a história da |
“Como uma cidade situada entre morros e mares, repleta de mangues e brejos, a urbanização do Rio de Janeiro sempre representou um grande desafio. Foi preciso aterrar as lagoas, inventar o chão”, explica Ana Luiza. Segundo a pesquisadora, isso representou grandes dificuldades técnicas, que a engenharia e a arquitetura tiveram que resolver em conjunto, por meio de aterros, da aberturas de túneis, da construção de pontes e outras grandes estruturas e até pelo arrasamento de morros inteiros. No vídeo, algumas dessas dificuldades são contadas no depoimento de diversos engenheiros, a maioria deles participantes das principais e mais complexas obras realizadas na cidade na segunda metade do século XX. “Apesar de ser da área de arquitetura, priorizei a presença de engenheiros no vídeo, pois estes profissionais quase nunca são lembrados e sua importância é indiscutível”, relata a pesquisadora.
No começo do século XX, começam, de fato, as grandes transformações no espaço urbano do Rio. “A construção do porto do Rio de Janeiro e da Avenida Beira-Mar, na área central da cidade, são alguns dos exemplos das grandes reformas urbanísticas realizadas durante o mandato do então prefeito da cidade, Pereira Passos (1901 a 1906), que marcam o ingresso do Rio na modernidade”, conta Ana Luiza. O Rio de Janeiro também acabou sendo precursor em construções com nível técnico arrojado. Um exemplo é o Museu de Arte Moderna (MAM), projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, no início dos anos 1950, obra pioneira no uso do concreto armado aparente e na solução estrutural em pórticos, que libera o espaço das exposições de apoios e eleva o edifício do solo, criando uma continuidade entre a cidade e o mar. O museu foi erguido na área do Aterro do Flamengo, região que recebeu as rochas do desmonte do Morro de Santo Antônio e, na mesma década, foi transformada em parque com projeto paisagístico de Roberto Burle Marx.
Jeorgino Nobre |
A construção da ponte Rio-Niterói foi uma das pioneiras na utilização de concreto autoadensável |
Na mesma época, ainda nos anos de 1950, o edifício Avenida Central foi mais um exemplo de inovação. Projetado pelo arquiteto Henrique Mindlin, com estrutura do engenheiro Paulo Fragoso, foi, segundo depoimento do engenheiro Affonso Bevilacqua, responsável pela montagem de sua estrutura metálica, “a primeira vez no Rio de Janeiro em que foi construído um prédio daquela altura – 34 andares e 110 metros de altura – e daquela envergadura. Nele, foi aplicado, antes mesmo de nos Estados Unidos, a técnica da viga mista, que é uma combinação de concreto armado com aço, introduzida por Paulo Fragoso”, explica Bevilacqua.
O documentário destaca ainda a ponte Rio–Niterói que, da época em que foi inaugurada, em 1974, até 1985, era considerada a segunda maior ponte do mundo. Entre outros aspectos, a ponte foi registrada no Guiness Book como o recorde de vão em estrutura metálica. De acordo com Bruno Contarini, engenheiro responsável por sua execução, a ponte, com projeto estrutural do engenheiro Antonio Alves Noronha Filho, trouxe várias inovações. Uma delas foi a utilização do concreto autoadensável, de grande plasticidade, com capacidade de fluir com facilidade dentro das formas, passando pelas armaduras e preenchendo os espaços sob o efeito de seu próprio peso, sem a necessidade de utilizar equipamentos de vibração. “Costuma-se atribuir essa invenção aos japoneses, citando uma ponte construída naquele país em meados de 1985. Porém, esquecem que, 15 anos antes, na ponte Rio–Niterói, foram utilizados 150 mil m3 desse tipo de concreto”, afirma Bruno Contarini em seu depoimento.
Acervo da Escola de Engenharia da USP-São Carlos |
Pavilhão de São Cristóvão: à época de sua construção, |
Foram produzidas 150 cópias do DVD para distribuição em universidades de todo o Brasil. “O vídeo traz informações valiosas que permitem um olhar mais profundo e detalhado sobre a cidade, não só linda por sua natureza, mas vasta de histórias contidas em cada pedaço de concreto e aço”, finaliza Ana Luiza.
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