Vilma Homero
Divulgação / Pesagro |
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Agricultor fluminense mostra limoeiro tratado com urina de vaca, que apresentou rápido crescimento |
"Na Índia, País onde a vaca é considerada sagrada, sua urina há muito vem sendo empregada no cultivo e há muitos trabalhos publicados. No Brasil, no entanto, há pouca literatura sobre o tema, especialmente no caso de cítricos", fala Monteiro de Barros. Nesse sentido, ele destaca os trabalhos de Ricardo Gadelha, também pesquisador da Pesagro, que, no final dos anos 1990, fez experiências com hortaliças, algumas frutas, como abacaxi e maracujá, e legumes, entre eles quiabo, pimentão, tomate e jiló, empregando urina de vaca. "A partir daí, nas últimas duas décadas, esse material tem sido utilizado no Rio de Janeiro. Agora, estamos desenvolvendo projeto com parâmetros científicos para embasar os resultados", fala Monteiro de Barros.
Mas o que há exatamente na urina de um bovino? Segundo o pesquisador, ela contém altos teores de nitrogênio, fósforo e potássio, que são as substâncias utilizadas na adubação de solos. "Como se isso não fosse bastante, essa urina tem ainda níveis elevados de pirocatecol, um fitohormônio que é um estimulante de crescimento e previne a infecção da planta por micro-organismos, agindo basicamente como um repelente de pragas. Isso é particularmente importante porque reduz de forma significativa a necessidade do uso de agrotóxicos. E quando é posta para fermentar durante três dias, todos esses níveis se intensificam", explica Monteiro de Barros.
Divulgação / Pesagro |
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Em parceria com secretarias de Agricultura municipais, Julio Cesar está levando seu projeto a Natividade e Itaperuna |
Para o projeto, que conta com a parceria de pequenos agricultores do noroeste fluminense, selecionados a partir de convênio com a Pesagro e com as secretarias de Agricultura municipais, foram escolhidos quatro cítricos: limão tahiti e três tipos de laranja a lima, a seleta e a folha murcha, cujo nome deriva da característica de suas folhas, enroladas e retorcidas.
"Como pude observar em um projeto anterior, em Silva Jardim, a urina de vaca evita uma doença muito comum, causada por fungo, a que o limão tahiti é bastante suscetível. Ela causa a queda dos frutos jovens e reduz a produção em mais de 50%", exemplifica Monteiro de Barros. Lá, ele constatou não apenas uma diminuição significativa nos casos da doença nas plantas tratadas, como também viu melhora na qualidade dos frutos. "Eles desenvolvem maior tamanho e apresentam mais sumo. Foram resultados interessantes", garante o pesquisador. "Em outro projeto, implantado em Itaocara, pelo programa Rio Rural, da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária, estamos observando um excelente crescimento inicial das plantas de limão tahiti tratadas. Muitas já apresentam floração a partir de um ano após o plantio e precisam ter a produção monitorada"
"As regas no solo são mais fáceis e podem trazer melhores resultados, uma vez que permitirão que a planta absorva melhor os nutrientes contidos na urina." Ele adverte que pulverizações foliares em altas concentrações costumam provocar a queima das folhas. "Aplicada pura, a urina de vaca atua como herbicida, o que quer dizer que pode matar a planta", explica Monteiro de Barros.
O pesquisador acredita que até o final do ano já tenha resultados do trabalho. "Se conseguirmos, como esperamos, plantas de crescimento mais rápido, com copa maior, isso também significará que elas produzirão mais cedo e com maior potencial. Para o produtor fluminense, que no geral são pequenos agricultores familiares, isso também representará um retorno econômico mais rápido. Tudo isso sem uso de agrotóxicos e a investimentos muito baixos. Será um ganho não só econômico como ambiental para o estado do Rio de Janeiro."
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