Débora Motta
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Trypanosoma cruzi: protozoário da doença de Chagas pode ser a chave para a prevenção do diabetes tipo 1 |
Esse resultado vem sendo observado em camundongos infectados pelo Trypanosoma cruzi, no Laboratório Associado de Imunologia Viral, da Faculdade de Medicina de Petrópolis. A pesquisa, realizada desde 2008, foi contemplada pela FAPERJ, com o edital de Apoio à Pesquisa Básica (APQ 1). “O objetivo do projeto é estudar os mecanismos pelos quais o Trypanosoma cruzi protege os camundongos do desenvolvimento do diabetes tipo
Como não se pode gerar uma doença para prevenir o surgimento de outra, Mengel e sua equipe estão tentando identificar quais são as moléculas produzidas pelo Trypanosoma cruzi com potencial para prevenir o surgimento do diabetes tipo 1. Depois de identificadas, elas poderão ser a base para a produção de um medicamento para a prevenção da doença. “Por enquanto, verificamos que o Trypanosoma cruzi produz alguma substância que induz o aumento da expressão de uma molécula denominada PD-L1. Ela é capaz de desligar a célula (linfócito) que desencadeia o diabetes tipo 1, responsável pela resposta imune contra as células do pâncreas”, explica.
De acordo com Mengel, o aumento da prevalência do diabetes tipo 1 nas últimas décadas está relacionado às condições de vida da sociedade pós-industrial. “A teoria higienista, apresentada pela primeira vez pelo pesquisador David Strachan, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, associa o aumento da prevalência de doenças autoimunes e alérgicas, entre elas o diabetes tipo 1, às populações com alto nível de desenvolvimento socioeconômico, que não tem contatos com ‘fatores protetores’, como alguns parasitas e micro-organismos, e costumam fazer uso de antibióticos com muita freqüência, esterilizando a flora intestinal de micro-organismos protetores, conta.
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Mengel espera que o estudo possa servir como base para a fabricação futura de um medicamento biológico |
Nesse contexto, o projeto dá o primeiro passo para que, algum dia, a fabricação de um medicamento para prevenir o diabetes tipo 1 seja possível. “É um campo de pesquisa absolutamente novo. A vantagem da nossa proposta é que seria um medicamento biológico, de baixa toxicidade e que poderia ser usado por muito tempo”, destaca o médico.
“O medicamento poderia ser usado para prevenir o surgimento da doença ainda na fase de pré-diabetes, quando há a chance de reverter seu desenvolvimento. Especialmente, nos casos de crianças que já tenham histórico familiar de diabetes tipo 1 ou para prevenir a ocorrência da doença em pessoas que acabaram de fazer transplante autólogo de medula óssea”, conclui.
Além de Mengel, participam do projeto outros pesquisadores da Fiocruz. São eles: a veterinária Fabiene Petitinga de Paiva; o biólogo Daniel Ruber Pessina, que conta com bolsa de pós-doutorado pelo programa Inovatec – FAPERJ/Fiocruz; e os estudantes de graduação do Curso de Medicina da FMP-FASE Barbara Noel, Beatriz Noel, Edicelli Loureiro e Bruno Andrade Silva, que desenvolvem projetos de iniciação científica no laboratório.
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