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Publicado em: 13/12/2012
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MPB também se aprende na escola

Danielle Kiffer

 Fotos: Divulgação/ICCA

       
  Ricardo Cravo Albin entrega os kits escolares a Júlio Cesar
   da Hora, ex-subsecretário estadual executivo de Educação

"Bate outra vez com esperanças o meu coração, pois já vai terminando o verão, enfim." Os versos de Cartola, em As rosas não falam, podem ser considerados um exemplo da sofisticação e poética da Música Popular Brasileira (MPB). Cantor e compositor, Cartola é apenas um dos muitos talentos da MPB, que agrega uma gama de sons e estilos tão diversa quanto a extensão e pluralidade do Brasil.

Multiplicidade que o musicólogo Ricardo Cravo Albin, grande conhecedor da música brasileira e fundador do instituto cultural que leva seu nome, afirma que vai do funk do MC Marcinho ao sertanejo de Zezé di Camargo e Luciano, passando por todas as manifestações musicais que se fazem no país: "A MPB não compreende apenas um ou dois estilos: muito pelo contrário, ela é o retrato do Brasil, tem a riqueza e a diversidade do nosso povo miscigenado; além de ser complexa em sua estrutura, abrange toda a produção musical no País. Dividir a MPB em estilos é estratégia comercial do mercado fonográfico", diz o musicólogo.

     

 Frederico Goes: a música 
estimula os alunos à leitura

Com base nessa ideia, ele desenvolveu o projeto "MPB: a História da Música Popular nas escolas", para unir o útil ao agradável: disponibilizar a riqueza cultural da música brasileira para o ensino de crianças e adolescentes. Com coordenação e parceria do professor Frederico Goes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e recursos do edital Apoio à   Produção  e Divulgação das Artes, da FAPERJ, há quatro anos o projeto vem proporcionando aos alunos de dezenas de escolas municipais, estaduais e privadas, um aprendizado bastante interessante.

A inserção da música no ensino é dividida em seis temas: A cronologia da MPB; A sedução do choro; O samba dos bambas; A diversidade do regional; Os 50 anos da bossa nova; e a Febre dos festivais: debate sobre MPB. Com o primeiro deles, os alunos ficam sabendo que, segundo Cravo Albin, os primeiros indícios da MPB surgiram "no exato momento em que em uma senzala negra qualquer, os índios começam a acompanhar as palmas dos negros cativos e os colonizadores brancos se deixam penetrar pela magia do cantarolar das escravas; essa mistura resultou, mais tarde, na criação do choro, no surgimento do maxixe, do frevo e do samba". O que quer dizer que tanto Brasileirinho, um choro em andamento acelerado quanto a canção Planeta Água, passando pelo primeiro samba gravado, Pelo Telefone, de Donga, são todos exemplos de MPB.

 

 

       Para Ricardo Cravo Albin, a MPB agrega uma multiplicidade que se compara à imensidão do país, 
              mostrando-se um retrato fiel de sua cultura, miscigenada e plural, como o povo brasileiro

Cada escola ganhou material didático que inclui um CD de músicas brasileiras; um vídeo sobre a história da MPB; pôsteres; e seis pequenos livros que detalham diversos momentos da MPB. Professores e a equipe pedagógica de cada colégio participaram de reuniões com a coordenação do projeto e com graduandos do Centro de Letras e Artes (CLA) da UFRJ para definir suas diretrizes. E os estudantes puderam visitar o ICCA, para conhecer o vasto acervo de MPB.

O material didático procura estimular que os estudantes escolham suas músicas prediletas e que apreciem canções de épocas anteriores. Eles também são instigados a analisar as influências da colonização europeia, as das matrizes africanas e as indígenas, aprendendo sobre as manifestações folclóricas das diferentes regiões do País.

   

 O material didático distribuído às escolas traz,
 em músicas, livretos e vídeos, a história da MPB
  

A MPB também é empregada no aprendizado de outras disciplinas. "A música pode aproximar os estudantes não só da Literatura, como também do ensino de Geografia, História e muitas outras disciplinas", explica Frederico Goes. Ele cita a música Três Apitos, de Noel Rosa como um exemplo. "Ela fala sobre o período da revolução industrial no Brasil. O aluno pode perceber, além do que lê no livro, a descrição de alguém que viveu naquela época. Tudo em forma de canção", completa.

Lamartine Babo, Ernesto Nazareth, Chico Buarque, Pixinguinha, Luiz Gonzaga, Vinicius de Moraes, Gilberto Gil, Caetano Veloso e tantos outros são alguns dos grandes compositores e cantores da MPB. "São poetas com o conhecimento musical. A poética de suas canções aproxima as pessoas dos acontecimentos da vida, de sua própria realidade. Por isso, acredito que o estudo das letras dessas canções desperte o interesse dos alunos pelos livros", explica Frederico Goes.

Para Cravo Albin, essa forma de ensino influencia diretamente no crescimento do interesse e dedicação dos estudantes. "A MPB é muito sedutora e certamente estimula o processo criativo e educativo nos alunos, que se tornam mais próximos de sua identidade cultural", complementa. "Temos percebido uma adesão e um grande interesse por parte de alunos e professores das escolas atendidas. Nosso objetivo é alcançar um número ainda maior de escolas contempladas", finaliza o musicólogo. 

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