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Publicado em: 24/01/2013
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Estudo avalia diferentes protocolos para tratamento de canal

Elena Mandarim

 Divulgação/Unesa

           
      Uma vez eliminada a infecção no canal do
       dente, a lesão na raiz regride até a cura
Não dá para negar que vivemos em uma época em que as pessoas estão cada vez mais preocupadas em cuidar da alimentação e do bem-estar do corpo e da mente. Mas será que estamos dando a mesma atenção à saúde da boca? Estima-se que um cidadão acima dos 50 anos já teve que se submeter, pelo menos uma vez, a procedimentos para tratar lesão perirradicular, popularmente conhecido como tratamento de canal. É uma doença odontológica bastante comum, causada por bactérias, que leva à lesão nas estruturas ao redor da raiz dentária. Se não for tratado, o paciente pode perder o dente, ou pior, em algumas situações a infecção pode até mesmo se disseminar para outras regiões do organismo, como coração e cérebro, de acordo com o que sugerem alguns estudos na área.

Segundo Isabela das Neves Rôças Siqueira, professora da Faculdade de Odontologia, da Universidade Estácio de Sá (Unesa), há uma incidência bastante elevada dessa doença na população brasileira, devendo ser considerada inclusive como um problema de saúde pública. Ela explica que a retirada da lesão que envolve a raiz só é possível de forma cirúrgica, mas estudos mostram que, se a infecção no canal do dente for eliminada de forma eficaz, a lesão regride até a cura completa. "Por isso é importante que o tratamento da doença perirradicular seja eficaz", afirma Isabela. Ela coordena um grupo de pesquisadores que busca avaliar a eficácia de três diferentes protocolos clínicos para a eliminação da infecção bacteriana no canal radicular, de modo a manter a estrutura do dente saudável. A proposta foi contemplada no edital Pensa Rio, da FAPERJ, em que se visa apoiar o estudo de temas relevantes e estratégicos para o estado do Rio de Janeiro.

Um dos professores integrantes do estudo, José Freitas Siqueira Júnior, também da Unesa, conta que o tratamento é feito com instrumentos de corte, para retirar mecanicamente a infecção no canal do dente, e pela aplicação de substâncias antimicrobianas. "Temos vários protocolos distintos para executar esses procedimentos, como, por exemplo, a opção de empregar diferentes substâncias antimicrobianas", relata o pesquisador.

No projeto, cerca de 80 pacientes com lesões perirradiculares foram separados, aleatoriamente, em três grupos. Cada grupo recebeu um tratamento diferente. Siqueira explica que a quantidade de bactérias foi medida antes e depois dos procedimentos, por meio de métodos avançados de análise de DNA. A opção terapêutica que obteve melhores resultados antimicrobianos foi a que, ao final da limpeza do canal, seguiu-se uma aplicação da substância clorexidina e um curativo com hidróxido de cálcio e clorexidina, que permaneceu por uma semana.

Divulgação/Unesa

            

Isabela e José Siqueira avaliaram a eficácia de      
diferentes protocolos para tratamento de canal
  

Para Siqueira, o ideal seria estabelecer um protocolo clínico eficiente para tratar a infecção no canal em apenas uma consulta. O pesquisador conta que, muitas vezes, o paciente sai com o curativo e não retorna ao consultório no tempo determinado, só procurando assistência odontológica quando o problema volta. Com isso, frequentemente se torna necessário que esse paciente se submeta a um novo procedimento ou até mesmo corra o risco de precisar extrair o dente. "Um dos objetivos do projeto é estabelecer um tratamento que possa começar e terminar em um único dia de consulta, diminuindo, assim, os casos de recidiva devido ao não retorno. No entanto, nossos resultados demonstram que o melhor tratamento ainda é feito em duas consultas, onde um medicamento antimicrobiano é deixado no canal por pelo menos uma semana", ressalta o pesquisador.

Outra meta do estudo é identificar as principais bactérias responsáveis pela infecção dentária, bem como descobrir quais espécies são resistentes às terapias. Siqueira explica que o objetivo é aumentar a especificidade dos tratamentos, uma vez que é possível estabelecer protocolos para cada caso. "Conseguimos comprovar que a bactéria Enterococcus faecalis não é a principal espécie encontrada nas infecções perirradiculares, ao contrário do que se dizia na literatura científica. Publicamos um artigo mostrando que várias outras espécies, incluindo bactérias dos gêneros Streptococcus e Propionibacterium, são também importantes causadores desse tipo de lesão persistente", relata o pesquisador.

Siqueira e Isabela comemoram: "Os resultados deste projeto já renderam mais de cinco artigos publicados em revistas internacionais de alto impacto, como o Journal of Endodontics, a principal revista americana da área; a International Endodontic Journal, publicação inglesa considerada como uma das mais importantes do setor; e Journal of Clinical Microbiology, outra importante revista científica. Os dois pesquisadores esperam que esses bons resultados também se reflitam em termos terapêuticos e ofereçam avanços para a própria eficácia dos protocolos de tratamento, prevenindo complicações sistêmicas e melhorando a qualidade de vida da população. Eles ressaltam que também fazem parte do projeto os professores Luciana Armada Dias, da Unesa, e Ricardo Guimarães Fischer, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), além de Julio Cezar Machado de Oliveira e Flávio Rodrigues Ferreira Alves, da Unesa, e Fábio Ramôa Pires e Carlos Marcelo da Silva Figueredo, da Uerj, todos os quatro Jovens Cientistas do Nosso Estado, pela FAPERJ.

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