Instituto Virtual de Paleontologia na festa dos 171 anos de Itaboraí

O Instituto Virtual de Paleontologia (IVP) da FAPERJ participou, no dia 29 de maio, do desfile cívico pelas comemorações dos 171 anos da cidade de Itaboraí. Na ocasião, a coordenação do instituto, junto com os alunos do Colégio Estadual Francesca Carey, participou do evento com camisetas, desenhos e cartazes em defesa do projeto de revitalização do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí. O projeto é uma das propostas do Instituto Virtual de Paleontologia da FAPERJ e conta também com o apoio da Uerj, Museu Nacional-UFRJ, Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM-RJ) e da organização não-governamental Instituto Walden.

As comemorações contaram com a presença de diversas autoridades públicas como o prefeito de Itaboraí, Cosme José Salles, a secretária municipal de educação, entre outros. Há tempos o aniversário do município não era comemorado no distrito de São José, onde fica o parque. Na ocasião, os estudantes de um dos pelotões da Escola Estadual Francesca Carey desfilaram com camisetas em defesa do sítio paleontológico da região e exibiram réplicas das placas do Projeto Caminhos Geológicos, produzidas por pesquisadores do Museu Nacional-UFRJ e DRM-RJ.

“A FAPERJ, através do IVP, já autorizou a liberação de bolsas no âmbito do Projeto Jovens Talentos, para que os alunos da Escola Estadual Francesca Carey possam atuar como guias-mirins numa primeira etapa do projeto de revitalização do Parque Paleontológico”, afirmou a professora Maria Antonieta Rodrigues, coordenadora do IVP e uma das mais animadas participantes do evento de comemoração.

Para o estudante de paleontologia Luís Henrique Marinho Lages, que ajudou os alunos da Escola Estadual Francesca Carey a confeccionar os cartazes da manifestação, o evento foi uma ótima oportunidade para conhecer a comunidade e ajudar no projeto do parque. “Ao ajudar nesta manifestação conheci vários jovens que são verdadeiros talentos. E o meu objetivo é exatamente este: reverter o trabalho que eu faço na faculdade em benefício para a população local”, afirmou Lages.

Já de acordo com Sandra Nascimento Gomes, natural de São José de Itaboraí, professora e diretora da Escola Estadual Francesca Carey, o evento foi um marco para a comunidade local. “Os alunos do colégio estão articulados e muito animados em junto com o IVP fazerem parte da revitalização do parque. Com isso, poderemos desenvolver o turismo, a cultura e a economia de Itaboraí”, concluiu a diretora.

O Parque Paleontológico de São José de Itaboraí

Situado na localidade de São José, em Itaboraí, onde antes havia uma mina de extração de calcário para a Companhia de Cimento Mauá, o terreno foi doado ao município em 1984, quando a empresa encerou suas atividades na região. No local, existem registros de rochas que variam de 70-65 milhões de anos até depósitos mais recentes relacionados ao homem pré-histórico. A Bacia Calcária de São José de Itaboraí é a única do Estado com presença de fósseis, principalmente de mamíferos primitivos, répteis, aves, sementes, entre outros. Sua importância é tanta que vem sendo estudada por pesquisadores nacionais e estrangeiros.

Às margens da bacia encontramos, entre outros, fósseis do período Paleoceno de Itaboraí, relacionados aos existentes na Patagônia, sem outros representantes nas Américas, sendo responsáveis pela definição, reconhecida na coluna internacional de tempo geológico como: andar Itaboraiense. Em 1928 esta área, de 1.341.552,50 m2 passou a ser explorada como mina de calcário pela Companhia Mauá de Cimento.

No ano de 1984, deixando uma cava de 70 metros de profundidade, a mineração encerrou suas atividades e doou o terreno para a prefeitura. Logo, a cava foi sendo preenchida por água subterrânea e de chuvas, o que criou um lago artificial que atualmente abastece de água os cerca de 10.000 moradores da localidade de São José de Itaboraí. Em 2 de abril de 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí declarou a área de utilidade pública e em dezembro de 1995, foi criado o Parque Paleontológico de Itaboraí, através da lei municipal n. 1345/95.

A organização não-governamental Instituto Walden, uma das parceiras do IVP no projeto de revitalização do parque, elaborou um projeto que prevê a existência de um Museu, trilhas ecológicas/geológicas, laboratórios e infra-estrutura para os visitantes. Este projeto visa a criação de empregos gerados pelo turismo ambiental, uma vez que desde o fim da atividade cimenteira na região, o desemprego aumentou e hoje São José de Itaboraí encontra-se em processo de decadência econômica e se transformando em cidade-dormitório.