FAPERJ financia resgate da memória política do Rio de Janeiro
Fichas políticas de Luis Carlos Prestes e Olga Benário, fotos de comunistas e simpatizantes ilustres como Mário Lago e Chico Buarque, registros do Movimento Integralista Brasileiro, livros de 1860 com registros dos presos da Casa de Detenção Milton Dias Moreira. Esses e outros documentos, que fazem parte da memória política do Rio de Janeiro, estão sendo recuperados e preservados pela equipe do Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ).
A FAPERJ financiou a modernização desse laboratório, com uma verba de R$ 286.720. Alguns processos que eram realizados manualmente agora contam com equipamentos apropriados como a capela para higienização, máquina obturadora de papéis, mesa de sucção para tratamento químico do material, além de um medidor de umidade e temperatura.
Segundo a coordenadora do laboratório, a museóloga Daniele França Sampaio, a rotina de recuperação tornou-se muito mais rápida. "O trabalho manual era lento, por isso o número de documentos recuperados era menor. Essa demora prejudicava o material que ain-da aguardava tratamento", explicou a coordenadora.
Dentre as relíquias que estão em recuperação no laboratório, destaca-se uma série de 89 livros com os Registros Paroquiais de Terras datados entre 1854 e 1859. "É um conjunto único. Trata-se de um material sobre a antiga província do Rio de Janeiro, com dados das terras localizadas desde Angra até Campos. Nessa época, os padres funcionavam como escrivãos do Império, percorrendo as propriedades e registrando a metragem, localização e proprietários das terras", ressalta Daniele.
A documentação das Polícias Políticas é a parte do acervo do APERJ que mais chama atenção. Toda a história do Comunismo no Brasil, desde sua fundação até a extinção do DOPS, em 83, está no Arquivo. Entre os documentos encontra-se o dossiê de documentos da Propaganda Comunista Francesa, além dos prontuários de Luis Carlos Prestes e sua mulher Olga Benário com registros detalhados de suas trajetórias políticas. O arquivo possui ainda fotos de manifestações do Movimento Integralista e de alguns de seus inte-grantes como Plínio Salgado e Miguel Reale.
Outra relíquia do arquivo são os resgistros que revelam estatísticas escolares a partir de 1920. Há cerca de 10 anos, o acervo do APERJ vem abrigando 300 caixas com documentos enviados pela Se-cretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro sobre as Escolas Rurais do Estado. Alguns livros que começaram a ser restaurados trazem estatísticas escolares das décadas de 20 a 50, mostrando, por exemplo, dados sobre evasão escolar.
Além dos equipamentos, a FAPERJ também está financiando o trabalho dos seis profissionais do laboratório com bolsas mensais. Nos planos da coordenadora Daniele Sampaio está a ampliação da equipe com a solicitação de um biólogo e um químico. "Com esses profissionais poderemos fazer o acompanhamento de pragas, o desenvolvimento de papéis com fibras mais longas para obturar os documentos e para buscar soluções químicas mais eficientes na higienização dos documentos", aposta a museóloga.
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