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Publicado em: 26/08/2002 | Atualizado em: 29/03/2022
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Pesquisa revela baixa qualidade dos serviços de radiodiagnóstico no Brasil

Pesquisa revela baixa qualidade dos serviços de radiodiagnóstico no Brasil

O desperdício com chapas rejeitadas chega a 20% e a exposição excessiva pode até provocar câncer

A Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janei ro vem apertando o cerco contra hospitais e clínicas odontológicas. O objetivo é cobrar o cumprimento das Normas e Diretrizes de Controle de Qualidade instituídas para regulamentar o uso de radiações ionizantes. Levantamento feito pela Dra. Ana Cecília Pedrosa de Azevedo, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ), revela que o desperdício com radiografias rejeitadas, devido principalmente à falta de manutenção dos equipamentos e treinamento inadequado dos técnicos, causa ao Hospital Universitário um prejuízo anual de U$ 500 mil. Mas esse é apenas um dos problemas.

Segundo Ana Cecilia, as altas doses de radiação aplicadas aos pacientes, a baixa qualidade da imagem radiográfica e os altos custos dos serviços de radiodiagnóstico foram os principais motivos que levaram o Ministério da Saúde a instituir essas normas, através da portaria 453, publicada em junho de 98. Segundo Azevedo, o Brasil desperdiça por ano cerca de 15 a 20% de chapas radiográficas, devido ao despreparo dos técnicos e a descalibração das máquinas.

Mas os prejuízos financeiros não são os mais graves. A radiografia de má qualidade pode, indiretamente, reverter em danos irreversíveis à saúde. “Uma mamografia de baixa qualidade, por exemplo, pode fazer com que um nódulo de mama passe desapercebido, retardando o diagnóstico e, por consequência, as chances de tratamento, já que neste tipo de doença o tempo é um item precioso”, alerta Ana Cecília, que é professora da Pós-Graduação em Radiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ. Toda a inspeção para controle de qualidade é baseada primeiramente na taxa de rejeição (chapas jogadas fora). Analisando a taxa é possível verificar se as chapas foram rejeitadas devido a um problema de revelação, de aparelho descalibrado, ou mesmo pelo despreparo do técnico. “Algumas falhas podem ser verificadas facilmente. Se a chapa fica borrada, por exemplo, é porque o paciente se mexeu, se fica preta ou com uma qualidade de imagem ruim, o problema pode ser atribuído a uma máquina descalibrada ou despreparo do técnico”, enumera Ana Cecília.

De acordo com o levantamento, entre os principais problemas constatados nos hospitais, destacam-se são: aparelhos descalibrados, técnicos mal preparados, pacientes que sofrem dosagem excessiva de raios X, chapas rejeitadas, reveladoras mal calibradas e negatoscópios (quadro luminoso usado para ver a radiografia) com luz insuficiente. “A exposição excessiva, mesmo que seja para tirar uma simples chapa dentária, pode, eventualmente, causar câncer radioinduzido. Também pode ocasionar problemas nos órgãos sexuais e catarata”, adverte a pesquisadora, para quem todo cuidado é pouco. “As radiografias só devem sempre ser feitas em caso de necessidade e com a devida proteção. Em mulheres grávidas, por exemplo, deve-se colocar um lençol de chumbo no abdômen. Em geral, dependendo da área, sempre que possível deve - se utilizar um avental de chumbo e um protetor para a tireóide”, ensina.

Controle de qualidade economiza U$ 150 mil dólares aos cofres do Hospital da UFRJ

A Secretaria de Vigilância Sanitária está em vias de credenciar o Hospital da UFRJ como Centro de Referência para outras instituições, baseado no projeto de Controle de Qualidade coordenado pela Dra. Azevedo. A implantação deste projeto proporcionou ao hospital uma substancial economia referente à manutenção dos seus cerca de 40 aparelhos radiológicos. Este serviço dispendioso, até então realizado por empresas externas, está sendo feito agora por alunos do curso de pós-graduação em Radiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, juntamente com engenheiros e técnicos de manutenção do Hospital. Isso porque o programa da Universidade inclui palestras e cursos para médicos - residentes e técnicos, com aulas sobre manuseio de aparelhos e noções de proteção radiológica e controle de qualidade.

Desde que este Programa de Qualidade foi implementado, segundo Azevedo, o hospital que gastava cerca de R$ 250 mil por ano com a manutenção dos aparelhos, passou a despender apenas R$ 100 mil, totalizando uma economia de mais de 60%. Algumas firmas que prestavam serviço de manutenção foram descredenciadas e outras fazem hoje apenas o check-up dos aparelhos de Raio X mais sofisticados. “É gratificante ver um projeto criado pelo Ministério da Saúde e implementado pelo hospital sendo reconhecido”, comenta a física. Além dos oito hospitais públicos e universitários para os quais vem fazendo levantamento das condições dos Serviços de Radiodiagnóstico, a equipe da pesquisadora está prestando serviços para hospitais da rede particular, ente eles o Centro Médico da Fundação Ruben Berta da VARIG. “O bom nisso tudo é que, além de ajudamos a manter a qualidade do serviço, repassamos o dinheiro recebido nas clínicas particulares, como o Samaritano, para o Hospital Universitário. Com este dinheiro, aperfeiçoamos o nosso trabalho e compramos mais equipamentos, já que os nossos aparelhos de medida digitais são importados e, portanto, possuem um custo elevado”, comenta a pesquisadora.

 

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