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Publicado em: 19/03/2015
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Novas perspectivas para o combate ao câncer

Masahiko Kanashiro (C) e equipe: resultados 
promissores no combate ao crescimento tumoral
tanto em testes in vitro como em animais
(Foto:Divulgação)

Elena Mandarim

O câncer, uma das doenças mais pesquisadas e que mobiliza parcela importante da comunidade científica aqui e lá fora, se caracteriza como o crescimento desordenado de vários tipos de células, ao ponto de gerar uma massa tumoral que pode invadir diferentes tecidos e órgãos do corpo humano. No Brasil, é a segunda maior causa de morte na população, sendo responsável por 15% a 20% do total de óbitos de origem conhecida. A prevenção e o controle das neoplasias estão entre os mais importantes desafios científicos do momento. Alinhado com essa realidade, o professor Milton Masahiko Kanashiro está à frente de um grupo de pesquisa, na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), que investiga a atividade antitumoral de novos compostos químicos, desenvolvidos com a ajuda de sua equipe no Laboratório de Ciências Químicas da universidade. "Nossos resultados foram muito promissores no combate ao crescimento tumoral tanto em testes in vitro [em tubos de ensaio], como in vivo [com animais]. Inclusive, estamos patenteando um dos nossos compostos, o cobre-alpha-naftol”, relata o pesquisador.

Kanashiro destaca que a ideia do projeto surgiu a partir do estudo de um agente antineoplásico, chamado cisplatina, que foi desenvolvido na década de 1970 e representou um importante avanço no tratamento do câncer. O pesquisador conta que esse composto continua sendo um dos quimioterápicos mais usados para diminuir o desenvolvimento tumoral de diversos tipos de câncer. “A estrutura química da cisplatina, resumidamente, consiste em uma molécula que apresenta um núcleo de coordenação formado pelo metal platina. A nossa ideia foi produzir compostos com a estrutura química parecida, usando outros elementos metálicos, como o cobre e o zinco, associados a outras estruturas químicas”, diz. O projeto foi contemplado no programa de Auxílio Básico à Pesquisa (APQ 1), da FAPERJ.

Para os testes in vitro, a equipe de pesquisa utilizou diferentes linhagens de células tumorais humanas, como o melanoma – tipo mais grave de câncer de pele –, o câncer de pulmão e a leucemia – câncer de células sanguíneas. De acordo com Kanashiro, o objetivo inicial foi cultivar estas células neoplásicas no laboratório e, posteriormente, “tratá-las” com um dos compostos químicos produzidos no projeto. Ao final dessa etapa, todos os ensaios experimentais foram avaliados quanto à capacidade de induzir toxicidade celular e os possíveis mecanismos envolvidos.

As análises mostraram que os compostos estudados foram capazes de induzir a morte de células tumorais através da apoptose – um tipo de morte celular regulada. Ele explica que o mecanismo de apoptose é natural de todos os tecidos e ocorre de forma ordenada, sem processo inflamatório, estando relacionado à manutenção e regulação fisiológica de um organismo saudável. “No câncer, justamente, o que ocorre é a perda do controle da proliferação celular, que é um processo em que as células perdem a sua capacidade de gerar os estímulos necessários para controlar esse potencial de multiplicação”, explica Kanashiro. “Trocando em miúdos, significa dizer que os compostos estudados, de certa forma, interferem em alguns dispositivos fisiológicos para o controle do crescimento ou induzem a morte daquele grupo celular”, acrescenta.

Com esses resultados positivos, a equipe de pesquisa partiu para os testes in vivo. O modelo experimental utilizado foi uma espécie de camundongo imunodeficiente, pela sua característica de permitir o desenvolvimento de câncer ao ser inoculado com as linhagens de células tumorais humanas. Segundo o pesquisador, uma vez inoculados, os animais foram divididos em grupo controle, que não recebeu nenhum tipo de tratamento; em grupo tratado com cisplatina; e em grupo tratado com um dos compostos químicos produzidos no projeto. “O mais efetivo deles foi o cobre-alpha-naftol, que mostrou ser até mais potente e menos tóxico do que a própria cisplatina”, diz Kanashiro, entusiasmado.

Ele conta que após o tempo de tratamento, que variou de duas a seis semanas, a massa tumoral foi retirada, medida e pesada. Os tumores retirados dos animais tratados com cobre-alpha-naftol estavam, em média, 84 % menores do que os retirados dos animais do grupo controle; os tratados com cisplatina 76% menores do que os retirados dos animais controle. “Outro resultado importante foi observar que a dose letal do composto cobre-alpha-naftol foi de 55 mg por quilo, quanto para a cisplatina é de apenas 6,6 mg por quilo. Isso significa que a cisplatina é, em média, nove vezes mais tóxica”, relata.

Para Kanashiro, esse estudo abre importantes perspectivas para o desenvolvimento de novos fármacos antitumorais. Estimativas do Ministério da Saúde apontam para a ocorrência de cerca de 500 mil novos casos de câncer por ano no País. “Nosso objetivo é dar continuidade a essa linha de pesquisa e buscar aprofundar os conhecimentos em relação aos compostos com atividade antineoplásicas”, adianta o pesquisador. Ele ressalta a colaboração do grupo de química da Uenf, em especial, os professores Christiane Fernandes e Adolfo Horn Jr.

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