Pesquisadores fazem o raio x do medo e da ansiedade
Dificuldades financeiras, desemprego, conflitos familiares, desencontros amorosos, incertezas profissionais. São experiências comuns à maioria das pessoas que vivenciam direta ou indiretamente os atropelos do dia-a-dia. Mas até que ponto essas experiências estão por trás do medo e da ansiedade cada vez mais frequentes na vida do ser humano? Para investigar a origem destes sentimentos, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) estão tentando descobrir que áreas do cérebro desencadeiam o medo e a ansiedade.
Nós estamos usando o medo e a ansiedade como sinônimos. A diferença de um para o outro é que, geralmente, quando você sente medo, sabe o que está te assustando. Já a ansiedade é diferente. A pessoa se sente ansiosa mas não tem consciência da causa, explica o doutor do departamento de psicologia da PUC, Jesus Landeira Fernandes. A pesquisa está concentrada no medo aprendido. Por exemplo, se você entra em um elevador e recebe um choque, da próxima vez que for usá-lo, poderá ter um sentimento de aversão. Esse é um medo que foi aprendido, exemplifica.
Para descobrir como surge o medo no ser humano, Jesus Landeira tem aplicado testes em ratos. Até o momento, ele está pesquisando a substância cinzenta central, hipocampo, colículo inferiror e amígdala, que são áreas neurais que se comunicam entre si e estão ligadas à emoção. O cérebro, seja em seres humanos ou em animais, é formado por neurônios que se conectam uns com os outros, formando centros ou áreas neurais. Cada um desses centros tem uma função específica, alguns são responsáveis pela fala, outros pela audição, emoção, etc, explica Jesus Landeira Fernandes.
Os ratos estão sendo criados em um laboratório da PUC. Quando completam três meses de idade, passam por vários tipos de experimentos, que incluem a destruição ou estimulação das áreas neurais, que tem por objetivo investigar como estão organizadas e qual a sua participação na origem do medo e da ansiedade. Depois que realizamos a operação nos ratos, nós procuramos estimular o medo no animal e acompanhamos todas as suas reações através de um monitor, diz o pesquisador. No momento, o professor Landeira está investigando como os circuitos neurais transformam uma situação de grande estresse em úlceras estomacais.
Embora o medo e a ansiedade sejam sentimentos particular de cada pessoa, que depende da experiência de cada indivíduo com o seu meio, o pesquisador afirma que essas emoções são transmitidas geneticamente. Dessa forma, o professor Landeira, em breve, iniciará uma nova etapa do estudo. Nós pretendemos fazer cruzamentos entre ratos corajosos e medrosos para ver até que ponto essas características são passadas para os filhotes. Esses experimentos já têm sido realizados em outros laboratórios e podem ser utilizados como excelentes modelos animais para o estudo experimental do medo e da ansiedade, conclui.
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