Débora Motta
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Eva Doris (em pé, à esq.), ao lado de Eliete Bouskela, na entrega dos termos de outorga aos pesquisadores da cultura na SEC (Foto: Lécio Augusto Ramos) |
Com o objetivo de fomentar a produção artística contemporânea no estado do Rio de Janeiro, a FAPERJ realizou na tarde desta quarta-feira, 14 de dezembro, na sede da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), a cerimônia de entrega dos termos de outorga aos pesquisadores e artistas contemplados pelo programa Estímulo à Criação, Experimentação e Pesquisa Artística (Edital nº 02/2016). Lançado em 28 de janeiro de 2016, o edital, inédito, é fruto da parceria entre a Fundação e a SEC e vai oferecer 25 bolsas anuais – tanto de subsistência quanto de bancada – para a produção de projetos inovadores nas áreas de artes integradas, artes visuais, audiovisual, música, artes cênicas, literatura, culturas populares, arquitetura, memória e patrimônio, que resultem em ações, obras ou processos inéditos para apresentação ou exposição pública. Ao todo, o edital vai destinar à cultura um montante de aproximadamente R$ 816.000,00.
Ao lado da secretária de Estado de Cultura, Eva Doris Rosental, a diretora de Tecnologia da FAPERJ, Eliete Bouskela, destacou a importância do edital para ajudar a movimentar a cultura fluminense, no contexto da crise econômica estadual. “Gostaria de agradecer porque, apesar da crise, as pessoas ainda confiam na FAPERJ, no sentido de submeter seus projetos, e isso é muito importante para uma agência de fomento. Estamos em uma situação difícil, com o atraso de pagamentos, mas é necessário manter a continuidade no lançamento de editais no sentido de preservar o repasse dos 2% da arrecadação tributária líquida estadual para a Fundação. Afinal, qualquer que seja a situação de um país, ele não melhora sem investimentos em ciência, tecnologia, cultura e inovação”, destacou Eliete.
Por sua vez, Eva Doris ressaltou o ineditismo da parceria entre a FAPERJ e a SEC. “Essa parceria com a FAPERJ é extremamente importante. Eu diria que é única. Infelizmente, ela ocorre em um período complicado para o estado, que enfrenta dificuldades orçamentárias. Esperamos, por necessidade de governabilidade, que algumas saídas sejam costuradas. Por parte da Secretaria de Cultura, gostaria de reafirmar o nosso compromisso de que esse edital vai ser honrado e que pretendemos lançar uma nova edição dele em 2017, quando começarmos a pagar esta edição”, disse Eva Doris.
Para a designer Ilana Paterman Brasil, uma das bolsistas contempladas, a iniciativa é um reconhecimento do estado ao artista. “Fiquei surpresa ao saber que o estado do Rio de Janeiro tinha lançado uma bolsa especificamente para artistas. Isso ocorre muito nos países desenvolvidos e precisamos dessa valorização”, ponderou. Com orientação da antropóloga Zoy Anastassakis, que coordena o Laboratório de Design e Antropologia (LaDA), na Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Esdi/Uerj), ela vai desenvolver o projeto “Acolhimento”. Trata-se de um produto audiovisual que será elaborado a partir do registro de cenas da religiosidade de matriz africana na Baixada Fluminense. “Vamos registrar depoimentos de mulheres de santo nas casas de candomblé. Será uma forma de contribuir para a formação de uma cultura de tolerância religiosa”, completou.
Outro projeto cultural interessante selecionado é o “Museu particular de esquecimentos privados”. Coordenado pelo pesquisador Frederico Oliveira Coelho, professor do Programa de Pós-Graduação de Literatura, Cultura e Contemporaneidade (PPGLCC), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e desenvolvido pela atriz, dramaturga e diretora teatral Keli de Mendonça Freitas, o projeto propõe a montagem de um espetáculo a partir de cartas manuscritas. “A coleção particular de cartas, diários, telegramas e postais de Keli Freitas cresceu a ponto de constituir um verdadeiro patrimônio cultural da memória coletiva popular do cidadão comum da cidade do Rio de Janeiro. O objetivo será criar uma forma artística de divulgação desse conteúdo, garimpado em cartas coletadas nas diversas feiras de antiguidades da cidade, sem devassar a privacidade dessas pessoas”, contou Frederico.
Para concorrer à bolsa, os interessados precisavam ter um orientador, que devia ser professor universitário vinculado a alguma instituição de ciência e tecnologia (ICT) sediada no estado do Rio de Janeiro. Não houve exigência de titulação acadêmica para o orientador, e o bolsista não precisava ser universitário, o que tornou mais aberta a possibilidade de diálogo entre a academia e o meio artístico. O objetivo do edital é valorizar a diversidade da cultura brasileira, em especial no que se refere a questões relevantes da criação artística contemporânea, como as novas linguagens, a experimentação, a transversalidade das linguagens artísticas e áreas do conhecimento, o diálogo com a educação, a democratização da cultura e a promoção do acesso aos bens culturais.
Confira a íntegra do edital Estímulo à Criação, Experimentação e Pesquisa Artística
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