Por Ascom Faperj
Palestrantes destacaram a importância da criação de canais de diálogo entre gestores e cidadãos (Fotos: Lécio Augusto Ramos) |
Aumentar o diálogo entre cidadãos e poder público, transparência, eficiência e como vencer entraves burocráticos foram alguns dos temas tratados na quarta edição da série Diálogos da Inovação, desta vez com o foco na gestão pública. O encontro foi realizado na quarta-feira, 3 de julho, na Casa Firjan – espaço da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro inaugurado em agosto de 2018, e que, desde então, vem promovendo programação voltada para as áreas de educação, projetos de inovação, laboratórios de tendências e atividades culturais. Para tratar do assunto, estiveram presentes a subsecretária de Programas e Captação de Recursos para Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro, Luana Abreu dos Santos Lourenço; o secretário Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da cidade de Niterói, Axel Grael; Beatriz Ferreira, co-criadora da rede Novos Designs para a Gestão Pública e o diretor-executivo da Lemobs, Sérgio Rodrigues.
Na abertura, os representantes da FAPERJ e FIRJAN relembraram os editais em aberto das instituições. Julia Zardo, jornalista e especialista de Projetos Especiais da Firjan, destacou a agenda permanente de debates e palestras voltada para a economia do futuro na Casa Firjan e o prêmio – com inscrições abertas até 8 de setembro – para teses e dissertações que discutam o futuro do trabalho e a reinvenção das empresas. Já o diretor de Tecnologia da FAPERJ, Mauricio Guedes, lembrou que as inscrições para o edital destinado à inserção de mestres e doutores em empresas estão abertas até o dia 23 de julho. A bolsa tem duração de um ano e a expectativa é a de que os profissionais sejam absorvidos para o quadro das empresas após o período. “No Brasil, pesquisador é sinônimo de servidor público. Diferente do resto do mundo. Nosso objetivo é ajudar a mudar este quadro”, disse o diretor.
Primeira palestrante do dia, Luana Lourenço, que representou o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues, no evento, falou sobre a preocupação do atual governo do estado em promover uma maior interação entre a pesquisa em C,T&I, realizada no meio acadêmico, e as empresas. Lembrou da iniciativa da criação de uma rede voltada para a Inovação dentro do governo, a fim de trazer soluções inovadoras internamente e que possa, futuramente, contar com a participação de empresas. “O nosso papel é ser agente multiplicador de mudança cultural. Nós estamos aqui para fazer a mudança. Como? Com articulação”, disse. Entre os planos para o futuro, disse que a Secretaria estuda maneiras de facilitar a contratação de empresas inovadoras e que a I Semana de Inovação da Gestão Pública está sendo organizada para este ano. Ela também citou a criação de oito polos de inovação no estado, a partir das instalações da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). A proposta, em fase adiantada de elaboração, é identificar as vocações de cada região e capacitar os jovens para atender a essas demandas.
Em seguida, Axel Grael impressionou a plateia com a adoção expressiva da mediação tecnológica adotada pela cidade de Niterói, da qual é secretário Municipal de Planejamento. Um dos primeiros passos da gestão do prefeito Rodrigo Neves foi investir em transparência, o que rendeu a cidade um reconhecimento por parte do Ministério Público Federal (MPF) e da Controladoria Geral da União (CGU). Para garantir reservas financeiras mesmo em situações de crise com a queda do preço do barril do petróleo, foi criado um fundo formado por 10% da arrecadação de royalties provenientes da exploração de petróleo. Na área tecnológica, a prefeitura investiu em um sistema georreferenciamento que possibilitou uma nova base cartográfica e a identificação das novas construções e a realização do que ele chamou de “justiça fiscal”, e que permitiu o aumento da arrecadação.
Esse mapeamento também permitiu a identificação de todos os comércios locais, oferecendo ao empreendedor um diagnóstico sobre as necessidades de novos comércios em cada região. As mudanças também ocorreram no sistema de segurança, agora integrado com as 500 câmeras de vigilância instaladas na cidade e que, de acordo com o secretário, tem ajudado a elucidar os principais crimes ocorridos da cidade. Por último, Grael citou o aplicativo Colab, em que o cidadão niteroiense pode encaminhar reclamações sobre qualquer tipo de situação. “Esse sistema nos dá a resposta de forma georreferenciada e permite que estabeleçamos as zonas de maior demanda, além de auxiliar muito o planejamento de resposta para o cidadão”, disse.
Sérgio Rodrigues, CEO da Lemobs: empresa cria soluções tecnológicas para o setor público desde 2009 |
Já o olhar apresentado pela designer Beatriz Ferreira enfatizou as novas maneiras de elencar demandas da população e de servidores públicos em busca de soluções inovadoras. Ela destacou que, embora o trabalho do design muitas vezes esteja restrito a execução de projetos relacionados ao desenvolvimento de produtos ou marcas, é possível ir muito além disso. “Nós projetamos para o futuro. O design pode atuar em quatro áreas: em laboratório de inovação e mobilização, em serviços públicos, na criação de políticas públicas e na organização política. Também pode ajudar a reconstruir esse espaço”, disse, enfatizando que este é um campo novo inclusive para os profissionais da área.
Para finalizar, o diretor executivo da Lemobs -Tecnologia, Sistemas Integrados e Apps para Gestão, Sérgio Rodrigues, apresentou as soluções desenvolvidas pela empresa desde 2009, e falou dos desafios de crescimento para o futuro. A empresa foi uma das 35 selecionadas pelo programa Brazil Accelerate 2030, iniciativa do Impact Hub – apontado como o maior portal global destinado à construção de uma comunidade empreendedora –, e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para impulsionar os negócios de impacto socioambiental dentro do propósito de cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável propostos na Agenda 2030 da ONU. O papel da empresa é desenvolver a automatização dos serviços públicos e entregar para os gestores aplicativos e mapas operacionais, todos interoperáveis em diversos sistemas. No entanto, o fechamento de contratos com empresas inovadoras ainda é um dos principais desafios enfrentados pela Lemobs. “A dificuldade em obter financiamento tem sido o principal desafio. E, até hoje, por sermos uma empresa inovadora, temos que esperar, em muitos casos, de um a dois anos até que consigamos fechar um contrato”, contou.
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes