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Publicado em: 10/12/2020 | Atualizado em: 29/12/2020
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Pesquisa na UniRio revela: se o voto não fosse obrigatório, mais de 50% dos cariocas votariam

Paula Guatimosim

 Nada menos que 76,5% dos entrevistados na capital fluminense não
confiam
ou têm pouca confiança na urna eletrônica (Foto: Ascom/TSE)

Pesquisa realizada pelo Grupo de Investigação Eleitoral (Giel) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) revelou que 67,2% dos moradores da capital fluminense são contra o voto obrigatório e 54,7% não teriam votado no primeiro turno das eleições para prefeito e vereadores, em 15 de novembro, pleito que registrou mais de 32% de abstenções, um dos maiores percentuais da história. Mais de 45% da população da capital também acha que o voto é pouco ou nada importante e 76,5% não confiam ou têm pouca confiança na urna eletrônica. Para o cientista político Felipe Borba, que conta com recursos da FAPERJ a realização de seus estudos por meio do programa de fomento à pesquisa Jovem Cientista do Nosso Estado, o resultado da investigação mostra que o desapontamento da população fluminense com os políticos, diante dos escândalos envolvendo autoridades, é maior na capital.

“Este resultado me surpreendeu muito. Não imaginava que fosse haver uma diferença tão grande entre as regiões e que justamente a capital, cuja população tem renda mais alta e maior grau de instrução, apresentasse esse perfil. É difícil arriscar o motivo, mas acredito que seja o impacto da política do Rio de Janeiro nos últimos anos, com uma série de denúncias de corrupção e governadores afastados”, diz o pesquisador. “O clima de desânimo e de desconfiança está claramente maior na capital, onde todos os indicadores são piores do que no interior e na Região Metropolitana. É como se existisse uma nuvem negra pairando sobre os eleitores da capital”.

Em contrapartida, os números demonstram que na Região Metropolitana e no interior do Estado do Rio 76,6% e 83,8%, respectivamente, acham que o ato de votar é muito importante. Mesmo a pesquisa demonstrando que mais de 50% dos moradores dessas duas regiões também são contra o voto obrigatório, 54% e 62,5% dos entrevistados na Região Metropolitana e no interior, respectivamente, teriam comparecido às urnas, mesmo se o voto não fosse obrigatório. Quanto ao voto nas urnas eletrônicas, o grau de desconfiança também é expressivo nessas duas regiões, sendo de 61% no interior do estado e de 69,4% na Região Metropolitana.

Conduzida com recursos do programa de Apoio às Instituições de Ensino e Pesquisa Sediadas no Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, a pesquisa ouviu, presencialmente, 1497 pessoas em 28 municípios fluminenses entre os dias 18 e 22 de novembro. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,5 pontos para mais ou para menos. “Tivemos a preocupação de ter uma amostra que fosse minimamente representativa da capital, da Região Metropolitana e do interior”, explica o professor da UniRio. Outro indicativo interessante, em contraste com o crescimento do uso da Internet, foi o fato de a maioria da população, principalmente na capital (53%), buscar informações sobre os candidatos no horário eleitoral veiculado pelas emissoras de televisão, enquanto 20%, em média, não buscam nenhuma informação. O levantamento também mostrou que 83,7% em média, nas três regiões, responderam que não receberam de candidatos nenhum favor, presente ou benefício em troca de apoio ou voto, ao passo que 21,2% na Região Metropolitana e 19,4% no interior do estado assumiram que candidatos ou partidos ofereceram favor, presente ou benefícios a uma pessoa conhecida, em troca de voto ou apoio na eleição passada.

Felipe Borba: pesquisador pretende lançar
em 2021 um livro sobre as últimas eleições
municipais (Foto: Fernando Filho)

A pesquisa do Giel também apresentou 15 frases aos entrevistados, que deveriam concordar ou concordar em parte, discordar ou discordar em parte. Cinco frases eram relativas aos usos e costumes da população, cinco envolviam segurança e outras cinco eram sobre políticas públicas. No tema segurança, 68% dos entrevistados nas três regiões são contra “a liberação do porte de arma de fogo para pessoas com mais de 18 anos” e 53% acham que os “direitos humanos atrapalham o combate ao crime”. Outros 51,6% acham que “a polícia deve ter liberdade para matar bandidos armados” e 52% nas três regiões acham que “a pena de morte deve ser aplicada para punir crimes graves”. A maioria, o equivalente a 73%, acha que “menores que cometem crimes devem ir para a cadeia”. Esse resultado, na opinião de Felipe Borba, indica uma ampla maioria a favor de um recrudescimento do combate ao crime, focada em ações do estado.

Quanto aos hábitos e costumes, a pesquisa revelou uma evolução positiva em relação à tolerância e aceitação, exceto a capital, “que se mostrou mais careta”, avalia o pesquisador.  Mais de 81% dos entrevistados, na média das três regiões, concordam que “a mulher deve ter o direito de usar roupa curta sem ser incomodada”; 47% em média discordam que “a união de pessoas do mesmo sexo não constitui uma família”, quase 50% acham que “os professores deveriam ser livres para expressar opiniões políticas nas escolas”, e 56,6% acreditam que “não se deve condenar uma mulher que ‘transe’ com muitas pessoas”.

No que tange às políticas públicas, 45% dos entrevistados, em média, acham que a “política de cotas para negros deveria acabar no Brasil”, enquanto 35% discordam e 60,4% concordam totalmente ou em parte que “o bolsa família estimula as pessoas a não trabalharem”. Quase 60% da população da capital, interior e Região Metropolitana ouvida na pesquisa concordam plenamente ou em parte com a afirmação de que “os valores religiosos deveriam orientar as leis”; 57% concordam plenamente, em parte ou são indiferentes ao fato de que “fazer aborto deve ser um direito da mulher”; enquanto 60%, em média, reprovam o consumo de maconha até mesmo por adultos e 73,7% acham que “as escolas deveriam ensinar o respeito aos gays”.

Sobre a vitória de Eduardo Paes nas eleições para a Prefeitura do Rio, o pesquisador alega que o resultado era o esperado: “Diante do descrédito na política, nada melhor do que apostar num porto seguro, em um candidato que já foi testado por dois mandatos”. Segundo o cientista político, o próximo passo de sua pesquisa será a publicação de um livro, em 2021, sobre a eleição municipal de 2020. A ideia é reunir artigos de pesquisadores de quase todas as instituições de ensino do Rio de Janeiro. Borba está organizando os vários temas do livro, que deve contar com 18 capítulos. “O processo político e a eleição no Rio de Janeiro é um tema pouco explorado por nós, cientistas políticos”, admite o pesquisador, para quem o livro preencherá esta lacuna.

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