Por Ascom Faperj*
Juliana Dommet Siqueira (E) e Livia Ramos Goes: pesquisa |
Uma das maiores preocupações decorrentes da pandemia da Covid-19 está na identificação e controle de variantes do SARS-CoV-2, o coronavírus. Buscando na Ciência caminhos para a sociedade lidar melhor com esse desafio, pesquisadores do Programa de Oncovirologia do Instituto Nacional de Câncer (Inca) realizaram estudo que investigou a prevalência das novas variantes em casos de infecções e reinfecções em pacientes e profissionais de Saúde do Instituto, até mesmo pós-vacinação. No total, foram analisados 72 casos recentes, diagnosticados de janeiro a março de 2021, no decorrer da segunda onda no País, particularmente no Rio de Janeiro.
O estudo vem sendo desenvolvido com recursos da FAPERJ, por meio de editais de apoio a Ações Emergenciais - Projetos para Combater os Efeitos da Covid-19, além do suporte da Fundação Swiss-Bridge (Suíça) e dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA. Segundo a pesquisa, 97% dos casos analisados se deviam às novas variantes. Na maior parte, os pesquisadores encontraram as cepas de Manaus (P.1 ou gama) e do Rio de Janeiro (P.2 ou zeta), além de pessoas infectadas pela variante do Reino Unido (B.1.1.7 ou alfa). No grupo estudado, apenas seis pacientes e profissionais já haviam sido vacinados e apresentaram sintomas leves ou moderados da doença.
Marcelo Soares e Livia Goes: pesquisadores do Inca destacam a importância da vigilância genômica do novo coronavírus e das suas novas variantes para criar estratégias efetivas em Saúde |
O geneticista Marcelo Soares, chefe do Programa de Oncovirologia do Inca e coordenador da pesquisa, destaca que as vacinas continuam sendo a opção mais relevante para minimizar os efeitos da pandemia. “É fundamental agilizarmos e seguirmos com a vacinação em massa da população, pois a vacina possibilita a redução da transmissibilidade e, em caso de infecção, os sintomas costumam ser mais leves”, explica Soares, que foi anteriormente contemplado pela Fundação por meio do edital Cientista do Nosso Estado.
A pesquisa, publicada no dia 10 de julho, na revista Infection, Genetics and Evolution, simplifica o protocolo de identificação de variantes baseado na metodologia de Sanger, que envolve a produção de muitas cópias de uma região alvo de DNA. Esse trabalho permite que as mudanças na sequência genética do vírus sejam acompanhadas, o que é primordial para o rastreamento das mutações, o prosseguimento da evolução da pandemia e a discussão das possibilidades de contenção da infecção. “Só dessa maneira conseguiremos acompanhar o comportamento do vírus e criar novas estratégias para lidar com ele, podendo nos antecipar a situações agravantes”, destaca Marcelo Soares.
O estudo integra a vigilância genômica ativa em tempo real que tem sido desenvolvida pelo Inca. Um desdobramento desse trabalho, a médio e longo prazos, vai investigar como se comportam as infecções por novas variantes em pacientes com câncer vacinados. “Por isso, esse tipo de vigilância é tão importante para o controle da pandemia em todo o País”, ressalta a diretora-geral do Inca, Ana Cristina Pinho.
O artigo “Novas infecções por variantes de preocupação do SARS-CoV-2 após infecções naturais e pós-vacinação” teve a participação das pesquisadoras do Programa de Oncovirologia do Inca Livia Ramos Goes e Juliana Domett Siqueira.
* Com informações da Assessoria de Comunicação do Instituto Nacional do Câncer (Inca)
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