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Publicado em: 04/11/2021
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Pesquisa conduzida na Pesagro visa fortalecer o turismo rural no estado

Paula Guatimosim

A Pousada Boa Vista, em Bom Jesus do Iatabapoana, é uma das
das opções de turismo rural no Estado do Rio (Foto: Gustavo Brito)

Nascida em Matozinhos, município da região metropolitana de Belo Horizonte, Valéria Lima mudou-se para o Rio de Janeiro aos 17 anos. Pós-doutoranda e doutora em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e especialista em Administração Pública e Turismo pela Uerj e pela Universidade Católica de Brasília (UCB), respectivamente, Valéria é colaboradora da Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Turisrio) desde 1982. O turismo é sua paixão. Foi colaboradora do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur-RJ) de 2008 a 2016; interlocutora do Programa de Regionalização do Turismo pelo estado do Rio de Janeiro junto ao Ministério do Turismo, de 2004 a 2009, retornando a partir de 2019; e desde 2015 é Diretora de Gestão e Desenvolvimento da Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro. Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Geografia Fluminense do Departamento de Geografia Humana da UERJ, Valéria é também professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) desde 2000.

Por acreditar no potencial do turismo rural do estado do Rio de Janeiro, sua tese de doutorado retomou um tema com o qual ela havia trabalhado em 2004, com foco na região do Vale do Café, que engloba 15 municípios do Vale do Paraíba, no Sul Fluminense. “Encontrei na Geografia da Uerj a oportunidade de fazer um mapeamento desse segmento no interior fluminense, contando com apoio da Secretaria Municipal de Turismo (Setur) do Rio de Janeiro, da Turisrio e da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa)”, explica Valéria. Entretanto, apesar de os resultados da pesquisa terem apontado boas perspectivas, segundo ela ainda foram identificados muitos desafios para o desenvolvimento do turismo rural no território fluminense. “Quando iniciei o doutorado em 2016 não poderia supor os reveses decorrentes da pandemia, que acabaram por sinalizar novas oportunidades para o turismo na natureza ou no meio rural”, esclarece ela, que defendeu a tese em 2020.

Segundo a pesquisadora, além da valorização da natureza e dos atributos do campo, a pandemia do Sars-CoV-2 estabeleceu uma mudança nos fluxos do turismo, hoje mais direcionado para pequenas distâncias. O novo movimento favorece o interesse de visitação dos destinos no interior, tanto pela população residente na capital quanto da originária de estados próximos, em especial as de Minas Gerais e São Paulo. Valéria está certa de que o setor rural fluminense pode, deste modo, fazer do turismo uma alternativa para a complementação de renda de muitas famílias, sem prejuízo das atividades essenciais do pequeno produtor ou de famílias campesinas. “O turismo aplicado em bases de sustentabilidade enseja o fortalecimento de identidades culturais e colabora no resgate de tradições por vezes esquecidas ou desvalorizadas”, alega.

Seu projeto "Vivências do Rio Rural: a geração de oportunidades pela via do turismo fluminense em tempos de pós-pandemia”, contemplado no Programa de Bolsa de Treinamento e Capacitação Técnica (TCT) em apoio ao desenvolvimento do setor agropecuário e da agroindústria do estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, será conduzido a partir deste mês (novembro de 2021), na Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro). Com prazo de execução de um ano, podendo ser renovado por igual período, o projeto pretende justamente implementar ações para o desenvolvimento do turismo rural no território fluminense, a partir da capacitação técnica e da qualificação de produtos e serviços no setor. O público-alvo é formado por produtores rurais, profissionais do setor, gestores e agentes públicos, e empreendedores locais.

Espaço de lazer na Fazenda dos Cordeiros, em Silva Jardim

A pesquisadora ressalta que, sem sombra de dúvida, a falta de capacitação técnica e a carência de produtos e serviços de qualidade são, de modo geral, as maiores dificuldades no que se refere ao desenvolvimento do turismo rural em muitos destinos. O nível de exigência em relação à qualidade da experiência turística é uma tendência de consumo, mesmo quando se trata da busca do simples e do modo de vida mais pacato. “Antes, porém, há outra questão muito importante, que passa pela sensibilização dos produtores e agentes rurais sobre a apropriação do turismo como força agregadora às suas atividades essenciais”. Valéria esclarece que o processo de aprendizagem e de construção é de médio e longo prazo e desafiador, pois é necessário um tempo de maturação e os resultados nem sempre são imediatos. “É preciso ter paciência, foco, determinação e muito trabalho”, garante.

Apesar de sua experiência na construção de governanças, ela acha que esse talvez seja o maior de todos os desafios. Entretanto, está certa de que este é o caminho para que as ações se sustentem ao longo do tempo, pois as lições da atualidade reforçam a premissa de que “ninguém vai muito longe sozinho”. O setor conta com o suporte do Programa de Regionalização aplicado pelo Ministério do Turismo desde 2004, que vem quebrando muitos paradigmas quando propõe a gestão descentralizada e a participação tripartite em instâncias de governança regionais e locais. No âmbito estadual, ela destaca a experiência do Comitê de Gestão do Turismo e do Agroturismo (Cogetura), que contribuiu para resgatar a atividade por meio do modelo de conjugação de esforços em torno de um mesmo propósito. “Sabemos que a cooperação não pode ser apenas falácia, mas deve se tornar a argamassa que, de fato, poderá dar sustentação a esse projeto. Não é fácil, mas é plenamente realizável e possível. Acreditamos que alicerces técnicos somados à boa vontade de fazer política de estado, e de não governo, poderão sempre ajudar”, pondera a pesquisadora.

O projeto da Pesagro tem abrangência ampla e diversa, pois contempla 43 municípios de cinco das 12 regiões turísticas do estado. “A tese de doutorado ajuda, nesse caso, por nos trazer um material bastante rico para um diagnóstico preliminar”, esclarece Valéria. No momento estão sendo fechados os grupos de trabalho e as equipes, que são compostas por colaboradores com formações e experiências diversas e complementares. Serão 10 etapas e propostas a serem cumpridas, como a realização de oficinas de validação do diagnóstico da oferta e demanda turística; de oficinas de sensibilização sobre as oportunidades de contribuição do segmento com o desenvolvimento socioeconômico local e regional visando a melhoria de vida das populações; a formação de comitê gestor do turismo rural nas regiões; a construção participativa do plano de ação para desenvolvimento da atividade, entre outros.

“A proposta que nos norteou é de podermos fazer uma entrega que perdure para aqueles que permanecerão nos territórios, com uma perspectiva de melhor qualidade de vida, em todos os sentidos”, explica a professora. Para ela, esse objetivo final só será alcançado se a fase de planejamento for realizada com cuidado, criando as âncoras necessárias para uma gestão participativa e que integre os setores público, privado e a sociedade civil. “Com produtos, serviços e roteiros bem edificados, restará, então, divulgá-los e comercializá-los de modo coerente e responsável”, esclarece Valéria.

Valéria Lima: acredito que alicerces técnicos somados à uma boa
política de estado, e de não governo, poderão sempre ajudar

Entre os exemplos de potenciais oportunidades de turismo rural nos municípios contemplados no projeto, a pesquisadora destaca os roteiros que integrem experiências na região Águas do Noroeste Fluminense, composta por 13 municípios. Um exemplo é a produção de cafés especiais e plantação de uvas de Varre-Sai, município fluminense mais distante da capital. Outra atração da região são as fazendas históricas com degustação de produtos da roça em Natividade e Itaperuna. “Além de roteiros locais, temos o interesse no desenvolvimento de roteiros intermunicipais e até inter-regionais. Essa lógica favorece a complementaridade de atrativos e o consequente aumento no tempo de permanência do turista na região”, esclarece a pesquisadora. Valéria diz que uma possibilidade que não pode ser descartada é a integração de outros segmentos turísticos à experiência no campo, como cavalgadas e caminhadas, banhos de cachoeira, estâncias hidrominerais e compra de artesanato local.

Ela destaca que o apoio da FAPERJ viabilizou a continuidade e aplicação prática do projeto de pesquisa, aplicado e aprovado no estágio de Pós-Doutorado no Departamento de Geografia da UERJ. Ela diz que sem esse apoio, viabilizado através da Pesagro, não teria a oportunidade oferecer essa contribuição, que espera seja relevante para muitas pessoas e comunidades. “É uma alegria trabalhar naquilo que gosto, com o propósito de contribuir, ainda que de modo singelo, para a construção de algo em que acredito. Não tenho dúvidas de que o turismo pode ser um caminho de muitas e boas oportunidades, mas não acredito em promessas fáceis. Precisamos nos preparar técnica e profissionalmente, e buscar janelas que se abram a novos horizontes, com coragem para quebrar paradigmas, mas sempre ancorados pela da reflexão advinda de muito estudo e do trabalho coletivo”, conclui a pesquisadora.

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