Paula Guatimosim
Capa e contracapa do e-book produzido por Ana Paula Di Beneditto que busca para auxiliar estudantes de todas as áreas de conhecimento na apresentação do trabalho de conclusão de curso. |
“Pesquisar é empolgante e desafiador, e comunicar por escrito os resultados da pesquisa faz parte do desafio. Não basta saber ler e escrever. É preciso conhecer e dominar as técnicas relacionadas à redação científica. Leia boas referências, interprete corretamente as informações e produza bons textos”, recomenda a doutora em Biociências e Biotecnologia na introdução do e-book. Assim como outras publicações digitais disponibilizadas gratuitamente no “Grupo de Ecologia Humana e Conservação dos Recursos Naturais e Culturais”, coordenado pela professora Camilah Zappes, o e-book de 22 páginas (https://www.ecologiahumana.info/livros-1) explica que redação científica não é apenas escrever sobre ciência, ou sobre o projeto de pesquisa a ser desenvolvido, mas de fazer isso a partir de determinadas regras e técnicas globais.Auxiliar aos estudantes de todas as áreas de conhecimento que pretendem seguir a carreira científica, e também aos interessados na organização e apresentação do trabalho de conclusão de curso. Esse é o objetivo do e-book Redação científica: breves apontamentos para estudantes, autoria da professora do Laboratório de Ciências Ambientais e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Ana Paula Madeira Di Beneditto.
Com a produção de mais de 160 artigos científicos ao longo de 20 anos de docência e pesquisa na Uenf, e nos últimos 10 anos ministrando disciplinas relacionadas à redação científica para estudantes de graduação e pós-graduação, em 2021 Ana Paula conquistou um lugar no AD Scientific Index - Latin America & BRICS Top 10.000 Scientists (http://www.adscientificindex.com/). Desde 2004 apoiada pela FAPERJ, pelos programas de Auxílio Básico à Pesquisa (APQ), em 2008 passou a contar com auxílio do Programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE) e, a partir de 2012, tem apoio do Programa Cientista do Nosso Estado (CNE) da FAPERJ para o desenvolvimento de suas pesquisas.
Desde o início do texto do livro Ana Paula reforça que antes de pesquisar ou escrever, é preciso ler. “Ler muito sobre as teorias que embasam o assunto, ler muito sobre como as pesquisas avançaram para chegar até aqui, ler muito para se manter atualizado sobre o assunto de interesse, ler muito para aprender com quem já redige bons textos científicos. Ler muito, sempre!” Mas, segundo ela, é preciso saber onde encontrar o material para leitura. Bons livros estão geralmente disponíveis nas bibliotecas físicas ou virtuais de instituições de ensino e pesquisa, em livrarias ou no formato digital. Ana Paula recomenda que ao buscar por um artigo científico, por exemplo, é importante verificar se o periódico no qual ele está publicado é indexado, e qual editora está por trás da publicação. Para a busca de artigos científicos, ela recomenda bases de dados bibliográficos como Scielo, Scopus, Web of Science e PubMed ou o Scholar Google. Mas ressalta que o mais importante é utilizar as palavras-chave certas para a busca, e verificar se a fonte de informação é confiável.
Ana Paula: antes de pesquisar ou escrever é preciso ler. Ler muito para aprender. |
Considerando o fato de que atualmente a informação está disponível a ‘um clique’, e que as buscas bibliográficas resultam em dezenas, centenas ou até milhares de artigos científicos sobre o assunto de interesse, a professora dá dicas de como e onde organizar o material de pesquisa, para que o aluno possa saber exatamente de qual referência bibliográfica extraiu uma determinada informação e depois poder citar corretamente no texto.
Ana Paula lembra que a mesma recomendação do periódico Ecology para seus autores, em 1964, está valendo até hoje: para uma boa redação científica é necessário “Escrever com precisão, clareza e economia. Cada frase deve transmitir a verdade exata tão simples quanto possível”. Ela recomenda o uso de linguagem simples e direta, frases afirmativas e, sempre que possível compostas por sujeito, verbo e complemento. Ana Paula também orienta quanto à forma correta das citações, recomenda a linguagem denotativa, ou seja, a que mantém o sentido literal das palavras e tem como único objetivo informar. Ao mesmo tempo, ela desaconselha o uso de expressões rebuscadas ou de difícil compreensão. Assim como palavras vulgares, gírias e figuras de linguagem, bem como exageros como altamente relevante, extremamente etc. Outra recomendação é o uso da quantificação no lugar de expressões como vários, inúmeros, grande, muito, entre outras.
De acordo com a professora, parágrafos são unidades de pensamento, formado de frases curtas e simples, e possuem a função de arejar o texto. Tão importante quanto a estrutura do texto são os cuidados com a correção ortográfica, sintática e gramatical. Ela dá a dica do corretor automático de texto https://languagetool.org/, que pode auxiliar. Outra etapa relevante é a revisão do texto. Ana Paula sugere a pergunta: “Isso fará sentido para o leitor?” Segundo ela, não importa se a informação faz sentido para o autor, durante a revisão, o texto deve ser lido na ‘terceira pessoa’, ou seja, como se você fosse seu leitor. Nessa fase serão eliminados trechos com informações repetidas ou irrelevantes, orações intercaladas, palavras e adjetivos desnecessários, ecos e cacófatos. É também o momento de verificar valores numéricos, datas, equações, símbolos, formatação, citações de figuras, tabelas e referências bibliográficas. “Depois que você achar que o texto está pronto e devidamente revisado, se comprometa a eliminar 20% das palavras em uma última revisão. Você notará quanta informação repetida e irrelevante ainda permaneceu no texto”, afirma a professora.
Como as ilustrações são elementos complementares que ajudam na compreensão do texto, as figuras, tais como gráficos, mapas, organogramas, fluxogramas, esquemas, desenhos, fotografias, e as tabelas devem ser apresentadas próximas ao trecho que ilustram. Ana Paula ensina que cada figura é numerada e nomeada com uma legenda, posicionada geralmente abaixo dela, e cada tabela é numerada e nomeada com um título, geralmente posicionado acima dela. As legendas e os títulos devem ser autoexplicativos e concisos. Ela ainda alerta: “Se a informação já consta na ilustração, não precisa repetir no texto. Entretanto, no texto você deve fazer menção a ilustração, e resumir seu conteúdo ou principais resultados”.
Ana Paula também auxilia apresentando como deve ser a estrutura geral de um projeto de pesquisa, com a definição de cada item e o que se espera que conste neles: Título, Introdução, Justificativa, Objetivo, Metodologia, Cronograma, Referências bibliográficas, Apêndice e Anexo. No caso da organização do trabalho de pesquisa para monografia, trabalho de conclusão de curso (TCC), dissertação e tese, Ana Paula ainda chama atenção para a necessidade de inclusão de elementos pré-textuais: capa, folha de rosto, ficha catalográfica inserida no verso da folha de rosto, folha de aprovação, dedicatória (opcional), agradecimentos (opcional), epígrafe (opcional), resumo, resumo em língua estrangeira, lista de ilustrações (se pertinente), lista de abreviaturas (se pertinente) e sumário. Para completar a ajuda, Ana Paula dá valiosas dicas de como o estudante deve se comportar na apresentação oral da pesquisa. Sugere leitura e consulta de informações para a boa redação científica, fornece alguns links úteis e conclui lembrando que “É impossível seguir a carreira científica e se tornar um bom pesquisador se não houver gosto pela leitura”.
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