Se há dez anos um texto de 20 páginas levava cerca de dez segundos para ser transmitido via internet, hoje esse tempo é suficiente para o envio de um filme de longa duração e com imagem de alta qualidade. Graças a investimentos da FAPERJ da ordem de R$ 2 milhões em equipamentos, essa tecnologia de transmissão em alta velocidade, conhecida como GigaEthernet, acaba de ser implantada no Rio de Janeiro pela Rede-Rio de Computadores, a rede acadêmica e de pesquisas do estado do Rio de Janeiro. Ela representa um avanço significativo na transmissão de dados via internet no Brasil.
A nova estrutura, com capacidade de transmissão a 1 Gigabit por segundo – mais de sete vezes a velocidade anterior, de 155 megabits por segundo –, foi inaugurada nesta terça-feira, 16 de agosto, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro. A medida permitiu aumentar significativamente a taxa de transmissão do backbone da Rede-Rio/FAPERJ (enlaces que interligam, por fibras óticas da Telemar, os principais pontos da rede – UFRJ, Fiocruz, PUC-Rio e CBPF – através dos quais as demais instituições ganham acesso à internet). Para se ter uma idéia da nova velocidade da rede, o conteúdo da Enciclopédia Britânica pode ser transmitido em apenas um segundo.
Os equipamentos adquiridos abrem a perspectiva para o desenvolvimento de aplicações não só na ciência como no dia-a-dia dos 400 mil usuários da rede, criando novos hábitos e costumes. A Rede-Rio Giga, que conta com quinze bolsistas de apoio técnico da FAPERJ, representa o início de um novo ciclo de criação de produtos, serviços e aplicações distribuídas em larga escala. Essa nova fase motivou a remodelação do logotipo da rede, que agora inclui o nome da FAPERJ. Com sua consolidação, a comunidade científica do Estado ganha acesso a diversos serviços que demandam altas velocidades, como transmissão de vídeo em tempo real para aplicações em educação à distância e telemedicina. Pesquisas e novos resultados envolvendo engenharia de tráfego, redes inteligentes e programáveis, gerenciamento, coletas, tratamento e apresentação de diversas estatísticas de tráfego, novos protocolos (implementações de IPv6) e outros serviços realizados pela equipe técnica da Rede-Rio poderão também ser diretamente aplicados para benefício direto dos usuários finais.
Um dos serviços agora viabilizados é a promoção de sessões de video on demand. Como demonstração do salto qualitativo da rede, um mesmo vídeo sobre nanotecnologia foi transmitido duas vezes, a 128 Kbp/s e a 2Mbp/s, durante a solenidade de inauguração da Rede-Rio Giga. A diferença na qualidade ficou evidente nas imagens de estruturas atômicas e na fala do prêmio Nobel de Química Jean Marie Lehn.
Rocha Filho: “Redes são infra-estrutura básica”
Em seu discurso, o diretor-presidente da FAPERJ, Pedricto Rocha Filho, que é coordenador geral da Rede-Rio/FAPERJ, comparou as redes de computadores com serviços de infra-estrutura básica, como água, luz e telefone. “As redes já deixaram de ser apenas uma tecnologia voltada para segmentos específicos, sendo imprescindíveis para a operação, funcionamento e garantia do crescimento sustentado de diversos setores, de finanças e produção a educação e saúde”, afirmou.
Como exemplo, Rocha Filho citou o maior ensaio clínico já realizado no país com terapias celulares, que envolve 1200 pacientes cardíacos em unidades de saúde espalhadas por diversas cidades brasileiras. A troca de informações entre os pesquisadores é feita através da internet, com o suporte da Rede Rio/FAPERJ.
Ele defendeu a ampliação da rede com novas parcerias, favorecendo a inclusão digital. “O acesso da população ao bem maior da nova economia do conhecimento – a informação – propiciado pelas facilidades da internet se faz urgente, sob pena de se cristalizar uma nova espécie de analfabetismo: o analfabetismo digital. A implementação da nova infra-estrutura da Rede Rio deverá também assegurar o livre acesso dos cidadãos à informação, uma condição absolutamente necessária para que o estado do Rio de Janeiro tenha um papel relevante na economia do conhecimento e para seus cidadãos possam efetivamente usufruir dos benefícios advindos da sociedade da informação”, concluiu Rocha Filho.
Estiveram ainda na solenidade: Nival Nunes, reitor da Uerj; Ricardo Galvão, diretor do CBPF; a professora Angela Uller, representando o reitor da UFRJ; o professor José Parise, representando o reitor da PUC-Rio; e Valeska Gadelha, gerente de vendas da Telemar.
Inaugurada em 1992, a Rede Rio de Computadores/FAPERJ é voltada para a área de Ciência e Tecnologia. Por ela, cerca de 100 instituições de ensino, pesquisa e governos (municipal, estadual e federal) localizadas no Estado do Rio de Janeiro se conectam à Rede Mundial de Computadores. A conta telefônica mensal custa aproximadamente R$ 200 mil. A Rede-Rio/FAPERJ encontra-se a partir de agora capacitada a atender aumentos substanciais da demanda de tráfego, tanto de forma quantitativa quanto qualitativa. No futuro, os equipamentos atuais poderão ainda proporcionar a inclusão de tecnologias compatíveis como o DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing), que permitirá expandir a capacidade da Rede-Rio em função da operação de várias ligações óticas (em cores distintas) num único meio físico, para 40, 80, 120 Gbit/s ou mais.
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