Paul Jürgens
Um software desenvolvido por uma empresa genuinamente nacional, apoiada pelo governo do estado através de um programa de fomento da FAPERJ, pode ajudar o país a aumentar a confiabilidade na geração de energia. Criado pela M&D – Monitoração e Diagnose, o Sistema, que se utiliza de múltiplos parâmetros físicos e operacionais para diagnosticar falhas em máquinas como geradores e turbinas, já é utilizado em 20 unidades geradoras de cinco usinas hidrelétricas espalhadas pelo país. A empresa foi contemplada no programa Rio Inovação I, lançado pela Fundação em dezembro de 2003.
Inaugurada em
Ao contrário dos sistemas tradicionais, o software criado pela M&D permite monitorar e diagnosticar - inclusive a distância - o desempenho de máquinas e equipamentos a partir do recolhimento e análise de informações diversas. Até recentemente, os sistemas existentes eram baseados, em sua maioria, em dados sobre a vibração e as variações de temperatura apresentados pelos equipamentos. O sistema da M&D, denominado MDM – Monitoramento e Diagnóstico Automático de Máquinas, leva em conta outras variáveis, como pressão, correntes, tensões e vazões.
O engenheiro Hélio Ricardo Teles de Azevedo, um dos sócios da empresa e responsável pelo encaminhamento da documentação necessária para concorrer ao edital da FAPERJ, explica que, entre outras vantagens, o software garante maior produtividade às empresas e menor tempo de ociosidade das máquinas. “O sistema permite acompanhar a distância o desempenho de equipamentos e intervir a tempo de evitar uma pane que, ao provocar uma paralisação por tempo prolongado de uma máquina, venha a onerar os custos da produção”, explica.
Antes de ser contemplado no Rio Inovação, a M&D já havia instalado a versão 1.6 Sistema MDM em cinco usinas geradoras de energia elétrica: Sobradinho (BA), Tucuruí (PA), Jurumirim (SP), Capivara (SP) e Paraibuna (SP). Com os recursos obtidos por meio do programa da FAPERJ, a empresa pôde investir no desenvolvimento de um novo sistema, a versão 2.0.
“Nosso objetivo não era apenas a melhora das características do software, de forma a torná-lo mais avançado e eficiente”, diz Hélio. “Queremos também estender sua utilização às áreas de petróleo e gás, já que há uma demanda forte por novos investimentos nesse setor, tanto no Brasil como no exterior”, completa. O novo sistema poderá ser aplicado a qualquer tipo de equipamento, incluindo hidrogeradores, turbinas a gás e a vapor, bombas, compressores, turbo-geradores e um grande número de equipamentos rotativos e não-rotativos.
O aprimoramento do Sistema já rendeu frutos. A empresa assinou três novos contratos, que incluem o monitoramento de 53 unidades geradoras de energia em quatro usinas da CESP – Companhia Energética de São Paulo: Jupiá, Ilha Solteira, Três Irmãos e Porto Primavera – todas no Estado de São Paulo. Além disso, também realizou duas novas vendas a clientes estrangeiros: a americana Duke Energy, sócia na Usina de Capivara (SP), e a espanhola Endesa, que detém parte do patrimônio da Usina de Cachoeira Dourada (GO).
O montante de R$ 448 mil reais repassados à M&D não foram, no entanto, empregados apenas na consolidação do novo sistema. “O auxílio da Fundação foi essencial não só para dar continuidade às nossas pesquisas, visando o aperfeiçoamento do sistema, mas também na elaboração de material de divulgação de nossos produtos, a realização de visitas a clientes e a nossa participação em eventos voltados para esse setor”, diz Hélio.
Para Hélio, que em 1978 formou-se em engenharia mecânica pela UFRJ antes de seguir para o Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), onde trabalhou por 23 anos, o apoio da FAPERJ não pode ser contabilizado apenas por meio dos recursos destinados à empresa pela Fundação. “A chancela da FAPERJ nos dá credibilidade e mostra aos nossos potenciais clientes que não estamos numa aventura”, diz.
A M&D promete ter vida longa. No edital Rio Inovação II, cujo resultado foi anunciado no dia 30 de novembro, a empresa voltou a ficar entre as contempladas, desta vez ao lado de 45 outros proponentes. Na primeira edição do Rio Inovação, a M&D foi uma das 20 empresas escolhidas. O novo aporte de recursos, desta vez, será utilizado na adaptação do sistema 2.0 para aplicação e utilização nas chamadas PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) – uma aposta do governo federal para garantir o fornecimento de energia principalmente a regiões do interior.
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