A união entre a pesquisa na área científica e tecnológica e o setor empresarial é uma das chaves para se alavancar o setor produtivo do país. É com essa convicção que representantes da FAPERJ, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT) se reuniram, na terça-feira, 21 de março, no Museu da República, com os autores dos projetos contemplados pelo edital Rio Inovação I, para um seminário de avaliação do programa. O edital tem o objetivo de induzir a aproximação entre as instituições de pesquisa e as empresas fluminenses. Num curto espaço de tempo – apenas um ano após a liberação da primeira parcela de recursos – os responsáveis pelas 20 iniciativas inovadoras contempladas pelo programa já mostram resultados concretos.
O evento dá prosseguimento aos seminários de avaliação, adotados pela FAPERJ em 2005, com o objetivo de analisar o desempenho dos programas de fomento do órgão e, paralelamente, garantir transparência à aplicação dos recursos. “Hoje, o fomento à pesquisa não se restringe às etapas de lançamento de edital, análise e seleção de candidatos e liberação do pagamento. A FAPERJ também faz acompanhamento e analisa os resultados obtidos. No caso do Programa Rio Inovação I, esse procedimento é ainda mais importante, porque não tínhamos a tradição de apoiar o desenvolvimento tecnológico. Assim, essa avaliação servirá para corrigir eventuais dificuldades e orientar os próximos rumos do programa”, revelou o presidente-diretor da Fundação, Pedricto Rocha Filho.
O recém-empossado diretor de Tecnologia da FAPERJ, Rex Nazaré, destacou a importância do investimento em tecnologia para o Brasil. "Precisamos apostar no desenvolvimento de novas tecnologias que revertam em benefício da sociedade fluminense e, por extensão, do país". O encontro também foi uma oportunidade de chamar a atenção das empresas para sua responsabilidade dentro das atividades de pesquisa e desenvolvimento no país. “Não só os pesquisadores, mas também as empresas a eles associadas têm muita responsabilidade para o sucesso do programa. Nós precisamos de casos bem sucedidos, de resultados palpáveis para mostrar à sociedade e estimular novos projetos. Os resultados positivos do Rio Inovação não são importantes apenas para o lucro das empresas, mas para o futuro do Brasil”, frisou Marcos Cavalcanti, que até o mês de fevereiro ocupava o cargo de Diretor de Tecnologia da FAPERJ e esteve à frente do processo de lançamento e implementação do edital.
Os resultados da primeira edição do programa foram traduzidos em novos produtos e em novas tecnologias. É o caso, por exemplo, do iogurte orgânico de soja Yosoy, criado por Paulo Savino, em parceria com a empresa Ecobras. O produto, que já está sendo comercializado, é similar aos iogurtes comuns, mas não contém lactose. “Existem no Brasil cerca de 40 milhões de pessoas que apresentam intolerância à lactose, uma deficiência metabólica. O resultado do projeto me deixa feliz, não apenas como empresário, mas como cidadão”, afirmou Savino.
Outros produtos criados com apoio do edital serão importantes para reduzir a dependência do Estado do Rio em relação à importação de itens de outros estados. No campo da agricultura, esse aspecto fica patente. O pesquisador e produtor de flores João Paulo Lima Aguilar criou uma técnica inovadora para criar espécies de plantas ornamentais in vitro. De acordo com Aguilar, a técnica surgiu da demanda dos produtores de Nova Friburgo, que dependiam da importação para oferecer espécies com qualidade e quantidade para atender os pedidos de seus clientes.
Já o projeto de Maria Luiza de Araújo, em associação com a empresa Pesagro, tem potencial para suprir a demanda por uma produção de sementes para cultivo de espécies olerícolas. Criadas as sementes, a empresa já recebeu pedidos do Chile, da Bolívia e do Peru, não só para fornecimento dos insumos, mas da tecnologia para obtê-los.
Ao todo, 20 projetos contemplados pelo Rio Inovação I foram expostos, momento em que os pesquisadores apresentaram suas principais realizações e dificuldades enfrentadas. O Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Wanderley de Souza, mostrou entusiasmo ao acompanhar a fase conclusiva de um projeto iniciado em 2003, no qual esteve envolvido desde o início. Paralelamente ao seminário de avaliação, os proponentes contemplados no Rio Inovação II, que foram convidados a acompanhar as apresentações, assinaram os termos de outorga. Até o final de 2006 a FAPERJ irá anunciar o lançamento do Rio Inovação III.
“Nas primeiras edições do edital, faltou implementar um programa de bolsas que permita a mestres e doutores serem absorvidos pelos projetos de inovação tecnológica. Estamos negociando um mecanismo em que, no primeiro ano, 80% dessas bolsas fossem pagas pelo governo e 20% pela empresa associada ao projeto. No segundo ano, a bolsa seria custeada meio a meio por governo e empresas e, no terceiro, a expectativa é de que os pesquisadores fossem contratados pela empresa privada”, revela Souza.
Renato Marques, que representou a Finep no seminário, também frisou a importância de se avaliar o andamento do edital. “Um dos motivos de eu estar aqui é para conhecer os aspectos que deram certo no programa e identificar os que deram errado, já que estamos pensando em lançar o Pappe 2 (Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas, da Finep, que destina recursos dos Fundos Setoriais com contrapartida das FAPs – que têm liberdade de criar editais próprios, como no caso do Rio Inovação). Como a primeira edição foi um sucesso, será mais fácil aprovar sua continuação”, disse.
Rocha Filho destacou ainda a relevância do programa para o crescimento econômico nacional: “O déficit da balança comercial do Brasil é, em grande parte, devido à defasagem tecnológica do país. Por isso, é fundamental que o Brasil se mobilize para o desenvolvimento tecnológico. O Estado do Rio de Janeiro, através do Rio Inovação, sai na frente em termos de resultado e de avaliação”, comemorou.
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