Vinicius Zepeda
Vinicius Zepeda |
Com a aquisição de novas máquinas, empresa vem substituindo |
Entre os equipamentos adquiridos, Marisa Mesquita destaca uma plotadora – espécie de periférico de computador que desenha linhas retas entre duas coordenadas – para risco de corte. Desenvolvida com tecnologia totalmente nacional, a máquina utiliza ainda canetas removíveis ao invés de jatos de tinta, mais comumente usados no mercado. "O uso das canetas permite uma maior precisão no desenho e economia no consumo de tinta. Além disso, a possibilidade do desenho sair manchado, borrado ou errado é muito menor", explica Marisa.
A plotadora trabalha acoplada a um software que utiliza a modelagem fotografada através de câmera digital num quadro branco. Marisa enumera outras vantagens, como o melhor encaixe dos tecidos, a possibilidade de calcular o gasto com precisão, qual é a perda real do material e quanto precisaria de tecido para um determinado número de peças produzidas. "Mas os mais significativos benefícios são a consistência da qualidade no trabalho feito pela máquina, em comparação à qualidade do trabalho realizado manualmente por um profissional especialista em corte – o cortador –, e a rapidez no tempo gasto com o serviço", destaca a empresária. "Enquanto um cortador não tem o risco perfeito, já que cada corte feito é diferente, a máquina padroniza todos os cortes com perfeição. Além disso, o tempo para a realização da tarefa cai de duas horas, se feito manualmente, para apenas um minuto, com o uso da máquina", complementa.
Outro equipamento que também chama a atenção é uma máquina de corte em viés. "O aparelho possibilita que sobras de pano sejam transformadas em faixas geometricamente perfeitas e que podem ser usadas para acabamento de roupas", explica Marisa. "Ainda investimos na aquisição de duas máquinas de costura computadorizadas – que possibilitam melhor costura e um corte sem tesoura –, além da troca de máquinas já antigas por novas", acrescenta.
Crise do setor naval fez engenheiro virar empresário
Vinicius Zepeda |
Máquina de corte em viés: sobras de pano transformadas em faixas para serem usadas no acabamento de roupas |
Em 1994, no início do primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o Plano Real domou, afinal, a hiperinflação, que perseguia o País e tornava difícil para o empresariado nacional realizar um planejamento de longo prazo em seus negócios. Com a estabilização da moeda e a paridade do real com o dólar, o planejamento dos negócios se tornou mais fácil. Já no ano de 1998, durante o segundo governo FHC, o regime de câmbio fixo foi abandonado e substituído pelo câmbio flutuante. Com o valor da moeda brasileira em queda, o lucro obtido pela exportação dos produtos era significativamente maior do que se a venda fosse feita no mercado interno. "As exportações passaram a representar até 80% de nossas vendas. Nos anos de 1998 e 2004 a empresa ganhou os prêmios Rio Export, em reconhecimento à mais bem sucedida microempresa exportadora do Estado", recorda Augusto. A premiação é uma iniciativa conjunta do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Banco do Brasil.
Empresa se reinventa para acompanhar transformações do País
Em 2008, durante o segundo mandato de Lula na presidência, diversos países sofreram – uns mais, outros menos – com os efeitos da crise no setor imobiliário nos EUA, que se alastrou pela Europa e alcançou também os países emergentes. Neste cenário, o dólar perdeu força e o Real voltou a se valorizar. Com esta nova conjuntura econômica, microempresas brasileiras começaram a perder fôlego para colocar seus produtos no mercado externo. "Foi a partir daí que vislumbramos uma nova possibilidade de voltar nossa produção para o mercado interno, por meio da modernização de nossos equipamentos e, consequentemente, de nossa mão de obra", conta Augusto. Assim, o apoio dos editais da FAPERJ foi essencial para a mudança de foco da empresa. "Da mesma forma que o País mudou, nós também precisamos mudar para acompanhar essas transformações", reconhece.
O casal de empresários destaca que, sem o apoio da FAPERJ, a empresa não conseguiria manter-se competitiva. Hoje, a "By Guisa Confecções Ltda" está instalada no bairro do Catete, Zona Sul do Rio. Próximo ao metrô e ao centro da cidade, o local é cerca de três vezes maior que o primeiro endereço comercial da empresa. O número de funcionários também cresceu, e hoje eles são 16. Marisa destaca ainda que o apoio da Fundação veio acompanhado de uma atualização da mão de obra da empresa. "Para operar esses equipamentos, assisti a palestras sobre empreendedorismo na Firjan, e recebemos ainda consultoria de especialistas do Senai. Foi assim que me habilitei para poder treinar nossos funcionários", destaca Marisa.
Hoje, os números do movimento de exportações e importações da empresa já estão equilibrados. Com as novas máquinas, os produtos ganharam em produtividade e qualidade. Mas para Augusto Mesquita, a principal lição foi aprender que é preciso estar preparado para todos os cenários possíveis. "Nestes pouco mais de 20 anos de empresa, aprendemos e mudamos muito, acompanhando as transformações por que passou nosso País. Uma lição que, segundo ele, ficará para sempre: não podemos apostar só num cenário econômico. O empresariado brasileiro precisa estar atento às mudanças, que são normais em qualquer País", conclui.
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